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Adão Francisco de Almeida (43 ANos). É filho de uma família tradicional de Catete que, desde muito cedo, esteve envolvida na luta de libertação nacional, onde se destacam figuras históricas do MPLA, como a lendária Deolinda Rodrigues, única mulher que integrou o primeiro Comité Director na década de sessenta, e Roberto de Almeida, vice-presidente do partido entre 2008 a 2016. Por conta do falecimento do pai, quando ainda era criança, Adão de Almeida passou para os cuidados de Roberto de Almeida, seu tio, que exerceu o papel paternal. É através do seu tio, que o jovem "Dadinho" (entre parentes e amigos) escancara as portas da política. Um jovem em ascensão desde a primeira década de 2000. A sua primeira aparição pública dá-se como porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), onde era comissário nacional. Na altura, a CNE era presidida por Caetano de Sousa, hoje juiz jubilado do Tribunal Constitucional. Depois de um "trabalho bem feito" nas legislativas de 2008, Adão Francisco Correia de Almeida é nomeado vice-ministro da Administração do Território para os Assuntos Institucionais e Eleitorais. Torna-se no braço direito de Bornito de Sousa. Antes, com apenas 30 anos, integra a Comissão Técnica da Comissão Constitucional da Assembleia Nacional. Sete anos depois como nº. 2 da Administração do Território, e na sequência das eleições gerais, Adão de Almeida assume a titularidade da pasta em 2017. Em 2020, com a remodelação orgânica dos departamentos ministeriais substitui Frederico Cardoso na chefia da Casa Civil do Presidente. A partir deste momento, passa a ser cogitado como um presidenciável, mas, afinal, os planos do "chefe" eram outros...
BORGES (58 ANOS). O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, é um homem de sorte. No cargo desde 2012, nos últimos cinco anos, o seu nome e da sua família têm sido referenciados em vários escândalos de corrupção e branqueamento de capitais. Documentos a que a portuguesa TVI teve acesso, referem que uma empresa chinesa, sediada em Hong Kong, subcontratou uma empresa angolana, a DIVERMINDS, para apoio técnico em contratos públicos no sector da Energia, em Angola, por quase 1 milhão de euros. Acontece, porém, que a empresa angolana é do filho e de um dos sobrinhos do ministro que tutela o sector da energia no País. Desde que ascendeu à ministro, refere a imprensa de Lisboa, é comum membros da sua família comprarem bens imobiliários de alto valor, em Portugal. Nada disso fez abalar o cargo do ministro. Baptista Borges esteve ainda no centro da polémica na sequência da rescisão de 13 contratos com a eléctrica AEnergy, um contencioso que foi parar nos tribunais norte-americanos. Entretanto, se a responsabilidade da rescisão milionária não pode, por simplesmente, ser atribuída ao ministro da Energia e Águas, o facto mesmo é que os maiores projectos e investimentos de infraestruturas do País, como o estabelecimento da rede eletricidade e a construção das barragens de Cambambe e Caculo Cabaça, passam pelo gabinete de João Baptista Borges.
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Carrinho. É uma das "meninas dos olhos bonitos" em matéria de contratação pública, com o Estado angolano a investir largos milhões de dólares. Com sede no Lobito, província de Benguela, o Grupo Leonor Carrinho, fundação em 1996, nasceu como sociedade limitada, mas, em 2016, a natureza da sociedade foi alterada para anónima. A razão para alteração do pacto social é algo que se vai descortinar lá mais para frente... São dezenas de adjudicações directas e duas garantias soberanas a favor da Carrinho, através de decretos exarados pelo Presidente João Lourenço ou, ainda, por parte de departamentos ministeriais. O mais recente contrato milionário de que se beneficiou, através de uma das suas subsidiárias (Gesceta), está orçado em 200 milhões de dólares/anual. Trata-se da Reserva Estratégica Alimentar (REA). Em momento de «vacas gordas», atendendo o volume de negócios que detêm com o Estado, o Grupo Carrinho ganhou folga para adquirir a totalidade do capital social do Banco de Comércio e Indústria (BCI), que tinha no seu corpo societário a Sonangol, ENSA, Endiama, Porto de Luanda, Angola Telecom, TAAG e TCUL.
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Diamantino Azevedo (59 anos). É um homem rico. Reservado e pouco dado a relações partidárias, até mesmo com os seus colegas no Governo, o actual ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás é descrito como tecnocrata, competente e rigoroso em matéria de transparência. Quando, pessoalmente, João Lourenço o convidou a integrar o seu Governo, Diamantino terá imposto uma condição: que não abdicaria das participações societárias que detém em várias empresas.
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