"Perdi o meu pai no dia 2, a mãe no dia 4 e o irmão no dia 6 [de Janeiro]", uma revelação num tom trémulo e melancólico que soa a um muro no estômago. São declarações de Francisca Lopes. A jovem de 24 anos viu o surto da cólera que assola parte do País, cujo epicentro é o bairro Paraíso, em Cacuaco, onde reside, dizimar de forma cruel e impiedosa a família.
Enquanto trava uma batalha silenciosa contra a doença, que deixou um rasto de dor e desespero, Francisca luta pela vida no único posto de saúde da zona que conta com mais de 100 mil habitantes, mas que só funciona das 8 às 15 horas. É o quinto elemento de uma família de sete membros atacada pela doença. A estatística quase que subiu para quatro óbitos, após o irmão mais velho também ser acometido pela doença. "O meu irmão mais velho já recebeu alta", alegra-se em meio a dor da perda.
Pálida e com a magreza que expõe o corpo debilitado, devido à desidratação causada pela diarreia aguda e vómitos, principais sintomas da doença, Francisca estava deitada numa das quatro camas colocadas na sala improvisada, no hall de entrada do posto de saúde, para dar os primeiros socorros aos casos de cólera. Deu entrada no posto às primeiras horas da passada segunda-feira, 13, após dois dias de diarreia e vómitos intensos. Em três horas de internamento, já havia recebido seis bolsas de soro para a reidratação, devido ao estado debilitado em que se encontrava.
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