"No princípio, tínhamos muito medo, mas isso foi passando. O que não aconteceu ontem já não vai acontecer", diz José Maria, a partir de Kieve, onde vive há mais de 20 anos, referindo-se ao risco de estar num país em guerra. Mas deixa escapar algum receio. "Aqui cada dia é um novo começo. Não se podem fazer planos, porque não se sabe o que pode acontecer amanhã", reforça.

Natural do Porto Amboim, Kwanza-Sul, foi pela primeira vez à Ucrânia em 1989, através de uma bolsa do extinto INABE, onde concluiu o ensino médio em Geologia. O desejo de continuar os estudos levou-o, anos depois, novamente à Ucrânia, para fazer o ensino superior, através de uma bolsa do Governo local.

Para prosseguir o curso de Geologia e Minas, tinha de estudar em Krivoy Rog, cidade mineira, no centro daquele país, que, em 2022, esteve em risco de inundação, após um bombardeio russo que danificou infra-estruturas hidráulicas e provocou a cheia do rio Inhulets. Mas resistiu à ideia de estudar na mesma região. Quis ficar em Kieve. Para tal, teve de mudar de curso, acabando por fazer Economia.

Com 55 anos, diz sentir-se mais ucraniano do que angolano, sentimento que deixa escapar pelo sotaque russo-ucraniano, as duas línguas mais faladas naquele território.

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