"A Turma do Apito não tem nada a ver com a Associação Comunitária Consciência Positiva", disse aos jornalistas o presidente da associação, Alenso Afonso, que confirmou, no entanto, que alguns elementos da Turma do Apito integram esta colectividade.

"Temos alguns elementos que faziam parte da Turma do Apito, mas eles serão obrigados a cumprir os requisitos da nossa associação que não têm nada a ver com a essa turma", acrescentou Alenso Afonso, que informou que da associação ACCP fazem parte elementos ligados ao Serviço de Investigação Criminal, da Polícia Nacional, assim como membros da sociedade civil, que vão trabalhar para combater a criminalidade no município do Sambizanga.

"Aquando da visita do senhor governador ao nosso município, nós manifestámos a nossa preocupação quanto à nova vaga de criminalidade que tem aumentado a cada dia que passa. Pedimos também a construção de mais escolas e zonas de lazer, o reforço dos programas de abastecimento de água potável e de energia eléctrica, a melhoria das vias de acesso", disse.

Refira-se que a Polícia Nacional (PN), através da sua Direcção de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP), desactivou a conhecida "Turma do Apito", por entender que esta brigada de vigilância comunitária se dedicava à prática de diversos crimes, com realce para os de sequestro, tortura e agressão física.

Segundo a polícia, foram ainda encerrados seis supostos "quarteis" deste grupo, que, conforme o DIIP, eram utilizados para a concretização de crimes.

Conta a DIIP que a "Turma do Apito" realizava serviço de patrulhamento como se de órgãos policiais se tratasse e maltratava cidadãos indefesos.

Segundo a PN, a "Turma do Apito" é suspeita de agredir cidadãos, de sequestros e de tratamento desumano e degradante, bem como de cobrança indevida de valores monetários e usurpação de funções exclusivas das autoridades.

Vale lembrar que, em 2021, o então comandante geral da Polícia Nacional, comissário chefe Paulo de Almeida, considerou "ilegal" a existência da "brigada de vigilância" denominada "Turma do Apito", criada pelo então administrador do distrito urbano do Sambizanga, Tomás Bica, que depois exerceu as funções de administrador do município do Cazenga.

De acordo com o seu mentor, Tomás Bica, a "Turma do Apito" tinha por objectivo "reprimir" o maior índice de criminalidade naquela parcela da capital do País, mas o certo é que a população do Sambizanga há muito que vem condenando a actuação do grupo, que para muitos "é uma milícia que tem provocado o terror no seio dos munícipes".

Na altura, o número um da Polícia Nacional disse que a "Turma do Apito" funcionava à margem do que a Lei prevê.

"As administrações provinciais já foram alertadas, no sentido de pararem com essa prática, caso contrário, serão tomadas medidas para se pôr ordem", afirmou o então comandante geral.

A "Turma do Apito" era uma associação com quatro anos de existência, composta por dezenas de jovens, moradores no distrito urbano do Sambizanga, que durante o dia e no calar da noite fazem rondas nos bairros, no intuito de conter a criminalidade, mas as opiniões dos munícipes do Sambizanga são divergentes, uns são apologistas da sua continuidade, por acharem que defendem a comunidade, já outros, não, e pedem de facto a sua extinção por julgarem ser um grupo de criminosos e não de vigilantes.