Alunos que se sentem prejudicados por verem outros a passar à sua frente no acesso às vagas no IMAG, que disponibilizou cerca de 400 entradas, e no PUNIV, com cerca de 600, denunciaram a situação ao Novo Jornal online.
Acusam os professores e as direcções de terem montado um negócio em que os candidatos pagam entre 50 e 60 mil kwanzas para garantirem que vão poder estudar este ano lectivo 2017 nos dois estabelecimentos de ensino público.
O que os alunos que se recusam a pagar, por não concordarem com o método, apesar de este estar amiúde a ser noticiado como prática comum em Angola, ou por não terem dinheiro disponível para o fazer, alegam, é que as regras impostas pela condição de ensino público estão a ser desrespeitadas porque é o próprio Ministério da Educação que tem insistido na sua gratuitidade.
"A direcção em colaboração com os professores, estão a comercializar a vaga à volta dos 60 mil kwanzas. Eles querem ganhar dinheiro de forma injusta", lamentou uma estudante que está a tentar entrar no IMAG.
O "negócio", segundo uma fonte do IMAG, que trabalha nos serviços administrativos deste estabelecimento de ensino, decorre desta forma: "A direcção, de entre as vagas disponibilizadas, entrega um certo número destas aos professores, entre três e quatro, e estes, com essas vagas, fazem o que entenderem, sendo que o normal é que as vendam a alunos com disponibilidade financeira".
A mesma fonte garantiu ainda que "todos os órgãos envolvidos neste processo, estão a par desta actuação, tanto dos professores como das direcções".
Por sua vez, no PUNIV, no Zango II, a realidade é a mesma, e o Novo Jornal encontrou mesmo dezenas de encarregados de educação que, na tentativa de encontrarem uma alternativa ao pagamento, pernoitaram à posta da instituição de ensino.
Um dos alunos encontrados nesta situação afirmou mesmo que um dos professores lhe pediu 50 mil kwanzas para conseguir a matrícula, quantia de que não dispõe, estando, neste momento em vias de ficar sem estudar neste ano lectivo.
A Lei nº 17/16, de 7 de Outubro, Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino, aprovada a 11 de Agosto de 2016, pela Assembleia Nacional, afirma claramente que o Estado deve garantir e promover as condições necessárias para manter gratuita a frequência da classe da iniciação, do I ciclo e ensino secundário, bem como o transporte, a saúde e a merenda escolar nas instituições públicas de ensino.
Quando contactadas pelo Novo Jornal, as direcções do PUNIV e do IMAG não aceitaram falar.