Um grupo de mais de 20 professores do quadro da EPL convocou uma greve de cinco dias, de 24 a 28 de Fevereiro, para protestar contra as disparidades salariais naquela instituição de ensino. A paralisação foi decidida após uma reunião dos professores com o Sindicato de Todos os Professores (STOP).
Segundo os docentes, a greve é uma resposta à falta de soluções concretas por parte do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) para a questão da equidade salarial dentro do corpo docente da EPL.
Ao Novo Jornal, os docentes dizem-se "enganados" pelas promessas do actual governo de estabelecer a equidade entre o corpo docente das escolas portuguesas no estrangeiro. "Aquando de uma visita, no ano passado, do Ministro da Educação, Ciência e Inovação (MECI), Fernando Alexandre, à EPL, fomos informados de que estava a ser estudado um subsídio para os docentes das Escolas Portuguesas no Estrangeiro e que, para haver boas condições de trabalho, deveria haver equidade entre docentes. Mas até hoje tudo se mantém igual" afirmam.
De acordo com uma das professoras, apesar de terem finalmente obtido o estatuto de efectividade em Setembro do ano passado, os docentes do quadro da EPL enfrentam condições laborais significativamente inferiores às dos colegas em Portugal e dos seus colegas de escola que se encontram tanto em mobilidade estatutária como no quadro residual.
"Estamos a receber pelo 1.º índice da tabela salarial de Portugal (1.657) e, ainda assim, fazemos muitos descontos. Portanto, estamos a receber muito menos do que estaríamos a receber se estivéssemos em Portugal", lamenta ao explicar que os salários actuais são "insuficientes" para cobrir despesas básicas como alimentação, saúde, educação, alojamento e transporte.
A professora explica que além da tabela salarial dos professores do quadro, que não recebem qualquer subsídio, a EPL conta com professores em mobilidade estatutária, com regalias como seguro de saúde e viagens para os descendentes e familiares, subsídio e salários pagos em Portugal (isento de impostos). A instituição, prossegue, tem ainda professores do mapa de pessoal residual, que transitaram da antiga direcção, a Cooperativa Portuguesa de Ensino em Angola (CPEA), com salários e subsídios pagos em Luanda e os contratados, estes últimos apenas com um salário que considera ser "verdadeiramente uma miséria".
"Os que estão em mobilidade têm excelentes condições e nós, os restantes, nas outras três situações, estamos muito longe das condições deles, mas em termos de carga de trabalho, temos todos a mesma" explica.