O cartoonista, colaborador do Novo Jornal e do Expansão, estava nomeado na categoria "Paz e Desenvolvimento" e declina a medalha "como sinal de protesto na esperança de que num futuro próximo, num momento de total liberdade, as condecorações a atribuir sejam verdadeiramente dignas do seu significado".

"Aceitar uma medalha nestas condições em que se pretende homenagear a liberdade de expressão ao mesmo tempo que se mantém a imprensa pública enjaulada e se reprimem manifestações pacíficas, ou ainda quando se exclui parte da nossa história na atribuição dessas mesmas condecorações, seria uma incoerência da minha parte que o Mankiko e a Fatita, mas sobretudo a Esperança e o Futuro [personagens criadas pelo cartoonista], não me perdoariam", escreveu Sérgio Piçarra nas redes sociais, ilustrando o texto com um cartoon onde junta estas criações (na foto).

O cartoonista não é a primeira figura angolana a declinar a condecoração. Alexandra Simeão, ex-vice-ministra da Educação no âmbito do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional, pelo Partido Liberal Democrático, entre 1997 e 2008, o médico Luís Bernardino, o advogado Sérgio Raimundo, o anterior e o actual líderes do maior partido da Oposição, Isaías Samakuva e Adalberto Costa Júnior, foram, entre outros, alguns dos que recusaram receber a insígnia das mãos do Presidente da República.