O SJA, o MISA-Angola e a CCE dizem-se preocupados, pois não conseguem perceber a ligação criada pelas autoridades entre a actividade jornalística e actos de terrorismo, mas apelam à calma da classe e pedem aos jornalistas que não permitam que o medo os impeça de exercer a sua profissão.
Segundo o SJA, os jornalistas detidos terão acompanhamento jurídico de advogados contratados pelo SJA e parceiros.
Pedro Miguel, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, disse ao Novo Jornal, esta manhã, que o SJA acompanha com preocupação as detenções de jornalistas acusados de terrorismo e outros crimes.
Segundo Pedro Miguel, os jornalistas Carlos Tomé, da Televisão Pública de Angola (TPA), e Alfredo Bumba, do Jornal Expansão, ambos detidos pelo SIC, terão acompanhamento de advogados contratados pelo SJA.
O sindicalista assegura que só os advogados poderão esclarecer o SJA sobre o que de facto se está a passar, considerando que, por enquanto, é prematuro tomar posições sobre o assunto, visto que até agora são apenas suspeições de acusações.
Pedro Miguel apela à calma e tranquilidade da classe, reforçando o apelo aos jornalistas para não deixarem de exercer o seu papel.
O Novo Jornal soube que para além da preocupação do SJA, há igualmente preocupação do Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), sobre as detenções de jornalistas em Luanda.
A presidente da Comissão de Carteira e Ética (CCE), Luísa Rogeiro, diz que olha com espanto para a detenção de jornalistas acusados do envolvido em actos de terrorismo e assegura que a CCE se junta ao SJA para prestar apoio aos profissionais detidos.
Luísa Rogeiro disse que a CCE está a apreensiva com as detenções e que irá junto do SJA e do MISA- Angola trabalhar para aferir o que se passa de facto.
André Mussamo, presidente do MISA-Angola, disse ao Novo Jornal que a natureza da actividade jornalística pode levar que um ou outro colega, no exercício da profissão, seja atraído para uma ilicitude, "porque às vezes, as fontes interessadas em vantagens são matreiras, daí existiram falhas", mas não acredita que num crime de terrorismo estejam implicados jornalistas.
O MISA expressa solidariedade e junta-se ao SJA para prestar apoio jurídico aos profissionais detidos.
Vale lembrar que o SIC deteve, na semana passada, o jornalista da TPA, Carlos Tomé, de 38 anos, e esta quinta-feira anunciou a detenção do jornalista Alfredo Bumba, do Jornal Expansão, ambos acusados dos crimes de associação criminosa, falsificação de documentos, terrorismo e financiamento ao terrorismo.
O Novo Jornal sabe que Alfredo Bumba é jornalista do semanário económico Expansão e fundador do Centro Educacional Paz e Bem (CEPB), que acolhe e alfabetiza 650 alunos que se encontravam fora do sistema de ensino. A escola funciona há mais de 11 anos no bairro Golf 2, no município do Kilamba Kiaxi, e já alfabetizou centenas de crianças.
A detenção, diz o SIC, "decorre de uma aturada investigação em curso, que detectou a participação directa destes nestes factos".