Maria Youmbi, 33 anos, é moradora do bairro Mulenvos de Baixo, município de Cacuaco, a 16 quilómetros da cidade de Luanda. Mãe de dois menores de cinco anos, está desempregada, como a maioria das suas companheiras. Por isso, para "salvar" os filhos da fome que assola milhares de famílias no bairro onde reside, encontra, nos amontoados de resíduos, no Aterro Sanitário dos Mulenvos, a poucos metros da sua casa, o "pão", o "peixe" e a "água" para a refeição diária. Aliás, é assim a vida naquele bairro.
Todos os dias, antes do habitual cantar majestoso do galo, às primeiras horas do dia, Maria vai à procura de alimentos diversos no único aterro de Luanda. De casa até àquela "terra prometida", que se tornou num lugar de sobrevivência, ainda enfrenta a escuridão que "esconde" os "amigos" do alheio. Mas, por sorte, sempre escapa das "mãos" dos marginais.
Batata, arroz, fuba, frango, carne, peixe, milho, tomate e frutas diversas - produtos deteriorados -, alimentos enterrados no Aterro dos Mulenvos, são habitualmente recuperados pela jovem mulher. Sem receio das doenças que podem advir dessa prática, reaproveita-os para o consumo e para revender nos mercados do Kikolo, na conhecida Pracinha da Retranca, na Praça da Cerâmica e na Vila de Cacuaco, ignorando as consequências para a saúde das pessoas.
Em conversa com a equipa do Novo Jornal, Maria Youmbi revela ainda que aproveita a escuridão da noite para comercializar os produtos que recupera do lixo, para alguns proprietários de pequenas lojas, vulgo cantinas.
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