O assassinato do reitor da Universidade Gregório Semedo, Laurindo Vieira, foi dos casos que mais pânico social gerou nos últimos meses em Angola mas os agora seis arguidos criaram a dúvida ao acusar os homens do SIC de terem recorrido à tortura para obter as suas confissões.

E foram essas confissões que levaram o Ministério Públio (MP) a pedir a condenação de cinco, dos seis arguidos no processo, apurou o Novo Jornal, o que exigia que em tribunal os agentes da polícia criminal desmontassem a versão dos alegados homicidas.

Segundo os efectivos do SIC, os arguidos foram, após a detenção, presentes ao procurador do MP e ao juiz de garantias para interrogatório e nunca apresentaram sinais de agressões físicas e tortura.

O tribunal ouviu explicações de um instrutor do SIC, que teve o primeiro contacto com os arguidos e este afirmou que os mesmos nunca se queixaram de tortura ou de ameaças.

Outro contou que foram os próprios quem ajudaram os investigadores a capturar os comparsas em fuga.

Conforme o SIC, a captura dos alegados homicidas do professor Laurindo foi possível mediante o monitoramento das chamadas telefónicas dos mesmos, após a detenção de um do arguidos, que foi fundamental para a localização dos demais.

"Não houve coacção alguma porque até foram eles quem nos ajudaram a fazer a reconstituição do caso! Em momento algum houve contradição nas declarações deles", disse um dos oficiais que chefiou a operação.

Confrontados com estes relatos em julgamento, os acusados entraram em contradição várias vezes ao descreverem o que haviam relatado ao tribunal.

Quanto à ida dos arguidos à Centralidade do Kilamba, onde os mesmos afirmarem que foram levados para uma base secreta, o SIC assegura que foram levados para o comando da polícia de Belas, onde no interior da unidade há um departamento do SIC para os crimes organizados e conexos, cuja estrutura está inacabada, facto que os levou a confundir como sendo base secreta.

Porém, o MP entende que não há dúvida de que os arguidos tentaram enganar a justiça contando uma versão diferente dos factos.

Irene Figueiredo, a magistrada do MP, disse ao tribunal que os arguidos usaram das suas tácticas criminosas para mataram o professor e quadro sénior do Serviço de Inteligência e Segurança Militar, Laurindo Vieira.

Ao tribunal, o MP assegurou que a arma que os marginais disseram ser de Laurindo Vieira nunca foi e foram os próprios quem implantaram tal versão, visto que o Serviço de Inteligência e Segurança Militar não usa arma sem registo, tal como fizeram crer os malfeitores.

Por isso, o MP pediu aos juízes do Tribunal de Comarca de Belas para condenar com uma pena de prisão exemplar cinco dos seis arguidos no processo, com excepção da arguida Julieta Manuel, que comprou o telefone da vítima nas mãos do seu amigo.

Por sua vez os arguidos, que tiveram no tribunal o último momento para proferirem palavras antes da publicação do acórdão, em unanimidade pediram desculpas à família de Laurindo Viera.

"Sinto muito pela perda da vida do professor! E aconselho as pessoas que estão nesta prática a deixaram o crime", disse em lágrimas o arguido Hélder de Ricardo "Pambala", cujas palavras também foram repetidas pelos co-arguidos, Adriano Júnior "Mula" e José Pedro.