No prosseguimento das audições das testemunhas do julgamento do "caso Lussaty" Angelino Domingos Vieira adiantou que a Casa de Segurança apenas começou a fazer o controlo rigoroso dos efectivos em 2018.

O antigo responsável para o pessoal e quadros da Casa de Segurança do PR de 2018 a 2021, foi dizer em tribunal que antes de 2018, na época de José Eduardo dos Santos como Presidente da República e Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa" como ministro do Estado e chefe da Casa de Segurança, o controlo dos efectivos era feito com base nas listas que os comandantes das unidades enviavam.

"O primeiro exercício a esse nível fizemos em Fevereiro de 2018. Quando uma comissão da Casa de Segurança andou pelo País, nas unidades e sob unidades da Casa de Segurança a fazer o controlo presencial dos efectivos na base de dados", explicou, acrescentando que "eram postos todos os efectivos em paradas e chamados um a um".

Questionado se durante o período de 2017 a 2021 foram retirados os falecidos e desertores da folha de pagamento das unidades da Casa de Segurança, respondeu que sim.

O tenente-general disse também que durante o período em que esteve à frente das chefia do pessoal e quadros, nunca houve nenhum processo despoletado em função das irregularidades na Unidade Especial de desminagem.

Perguntado se houve alguma vez um concurso público de ingresso na Casa de Segurança do PR, disse que não e salientou que os critérios para entrar na Casa de Segurança são muito sigilosos e rigorosos.

Questionado se antes de assumir o cargo de secretário para o pessoal e quadros da Casa de Segurança tomou conhecimento das existências de algumas irregularidades no órgão, disse que não.

Indagado se teve conhecimento da existência de activistas políticos do partido MPLA que estiverem inseridos no Batalhão de Transporte Rodoviário do Kuando Kubango a receberem salários, respondeu que sim, mas antes sabia que eram apenas efectivos militares que prestavam serviço de desminagem, mas que foi posteriormente informado exercerem outras tarefas que não eram militares.

"Na altura apresentamos a preocupação ao ministro de Estado na perspectiva de deixarem de fazer parte das folhas de pagamento da Casa de Segurança do PR", disse.

O antigo secretário para o pessoal e quadro da Casa de Segurança do PR disse ainda em tribunal que nas unidades de desminagem do Kuando Kubango existiam sim nomes de funcionários bancários e de professores alistados nas folhas de pagamentos, mas que nunca pertenceram aquelas unidades.

Quanto à possível inserção de nomes de familiares e amigos dos arguidos nas folhas de pagamento da UGP no Kuando Kubango, o tenente-general disse não saber.

A sessão de discussão e julgamento deste mediático, prossegue esta quarta-feira, com audição de testemunhas.