Com 271 casos registados nas 24 horas que precederam o balanço feito ao final da tarde de terça-feira, ao que se somam mais 3 óbitos, Angola é um dos países do grupo em que a infecção ganha dimensão e abrangência e as autoridades se viram na obrigação de apertar as medidas profilácticas para diminuir a propagação do Sars CoV-2.

Igualmente a forçar a aposta nas medidas preventivas, como o distanciamento social, o uso da máscara ou ainda a lavagem e desinfecção frequentes das mãos, está a quebra no fornecimento da vacina da AstraZeneca através do mecanismo Covax, que junta as Nações Unidas e o esforço de um conjunto de países e organizações para fazer chegar os imunizantes aos países menos capazes de por si o conseguirem.

Isto, porque a Índia, que até aqui produzia e exportava estas vacinas, atravessa a mais grave crise pandémica desde o início do problema, com os números mais altos em todo o mundo em novas infecções, mais de 4 mil por dia, mortes, tendo ultrapassado a barreira das 250 mil, com o seu sistema de resposta hospitalar em colapso iminente, o que obrigou o país a interromper o fornecimento das vacinas de forma a melhor combater o problema interno que vive.

Em Angola, com o crescente número de casos da Covid-19, a que se somam problemas sérios na capacidade hospitalar em Luanda de resposta a surtos diarreicos, havendo mesmo rumores de cólera em forte crescimento, que surgiram com a crise do lixo na capital, as autoridades sanitárias apostam fortemente na contenção e interrupção da transmissão do novo coronavírus como forma de evitar o esgotamento da capacidade de resposta nas unidades de saúde.

Com a nova variante indiana à espreita, não só em Angola, e a ameaçar aquilo que parecia ser o principio do fim da pandemia em todo o mundo, até porque os estudos existentes demonstram que esta nova mutação do Sars CoV-2 possui maiores capacidades de infecção, mesmo entre pessoas vacinadas, e com uma substancialmente superior capacidade de transmissibilidade, os países, especialmente no continente africano, e noutros com menos acesso a vacinas, vêem-se na obrigação de apostar fortemente na prevenção.

O que em Angola, que esgotou o stock da AstraZeneca existente na primeira toma e na garantia da segunda dose, ficou demonstrado pelo apertar das regras inseridas no novo decreto presidencial que rege o estado de calamidade, no qual se destaca o encerramento de restaurantes ao fim de semana, entre outras restrições.

Para já, o País conta com 29.146 casos registados, entre estes 639 óbitos, e 3.362 infecções activas, incluindo 277 internamentos, com 20 em condição crítica e 36 graves, o que comparado com a maioria dos países asiáticos e europeus, e mesmo com alguns africanos, aparenta ser uma situação relativamente controlada, embora o risco apresentado pelas noas variantes, como a indiana, possam altera este quadro de um momento para o outro.

A perigosidade da variante indiana levou mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a alertar o mundo para a sua especial capacidade de transmissão, classificando-a como uma "variante de preocupação e interesse global".

Uma das responsáveis na OMS pela resposta à Covid-19, a epidemiologista Maria Van Kerkhove transmitiu ao mundo que já existem estudos preliminares que sugerem fortemente um "aumento da transmissibilidade" da variante indiana, com presença confirmada em África, e uma "redução da neutralização", embora faltem mais testes para clarificar se se trata de uma variante com capacidade de resistência às vacinas fortalecida.

Esta responsável avançou que, todavia, já existem evidências de que "as medidas de saúde pública funcionam", desde logo as conhecidas no âmbito da higiene pessoal ou o distanciamento social.