Uma ronda efectuada pelo Novo Jornal na cidade de Benguela a respeito da situação, fica notória a aflição de comerciantes bem como outras pessoas que se deslocam com regularidade entre Benguela e Luanda.
É caso do jovem António José que está na cidade de Benguela há cinco dias em visita dos seus pais. Ele diz que corre o risco de perder o emprego em Luanda.
"Corro o risco de perder o emprego com as novas medidas", lamenta o jovem, frisando que tudo fara para convencer a direcção da sua empresa de que não é sua responsabilidade por não comparecer no seu posto de trabalho.
As irmãs Jacinta Ramos e Joana Ramos aproveitaram o final de semana para visitar os parentes em Benguela, mas foram surpreendidas pelo decreto.
"Somos estudantes em Luanda. Chegamos ao posto de testagem do rio Longa, mas não conseguimos transpor o controlo devido às novas medidas", disseram.
As novas medidas acabam de prejudicar o comerciante Evaristo Jamba que semanalmente vai a Luanda comercializar feijão.
"Aqui em Benguela o meu negócio anda pouco. Mais em Luanda, as coisas correm bem", disse.
Na condição de Evaristo Jamba está Madalena dos Santos que comercializa peixe no mercado do Rocha Pinto em Luanda.
"Tenho muito peixe para levar a Luanda. O decreto presidencial estragou tudo", disse ela, reconhecendo que a desobediência da população em ignorarem os conselhos forçou o Executivo a tomar estas medida.
Muitos habitantes contactados pelo Novo Jornal dizem que nesta província as pessoas violam constantemente as medidas de prevenção, numa altura em que o País regista novas variantes da Covid-19 e o número de casos aumenta todos os dias.
"Devido ao desrespeito das medidas de biossegurança por parte das pessoas corremos muito risco de contaminação", observou um técnico de saúde.
Na opinião da zungueira Albertina Paulo, o povo não respeita porque "onde há fome não se respeitam leis".
O que diz a Comissão Multissectorial
No entanto, apesar de este reforço da cerca sanitária à província de Luanda, os elementos das forças de segurança que fazem o controlo parecem desconhecer a circular emitida pela Comissão Multissectorial para o Combate à Covid, onde fica claro que as pessoas que estão deslocadas noutra província podem regressar sem problemas até às 23:59 de 14 de Maio, sexta-feira.
Mas a mesma circular diz ainda que as deslocações por motivos de profissionais ou comerciais "para as quais possa ser emitida uma guia formal" nos termos da lei, podem ser efectuadas "mediante apresentação de documento equivalente emitido pelas Administrações Municipais".
Esta circular da Comissão Multissectorial tem or objectivo "clarificar o âmbito do decreto Presidencial" que a 08 de Maio alterou as imposições pelo estado de calamidade.