Tedros Adhanom Ghebreyesus lembrou, para justificar este renovado apelo, que o mundo não estará devidamente protegido contra uma eventual estirpe do Sars CoV-2 resistente às vacinas enquanto as campanhas de vacinação chegarem com sucesso aos quatro cantos do mundo.

Para isso, disse o médico, a fase da 3ª dose deve ser protelada para o final do ano de forma a permitir esbater a desigualdade no acesso à vacinação que é hoje evidente, havendo mesmo países com apenas 2 a 3% da sua população vacinada - como é o caso de Angola, com apenas 2,5% - enquanto outros já estão acima dos 90%.

Este pedido de Tedros Adhanom Ghebreyesus é ligeiramente diferente do anterior porque, ao invés de apontar para uma moratória até ao final de Setembro, agora aponta para o final do ano, visto que é urgente garanti que "cada país possa vacinar um mínimo de 40% da sua população".

O director-geral da OMS considera mesmo que é um desperdício de vacinas estar a imunizar pessoas saudáveis dos países ricos com uma terceira dose, porque estes absorveram até hoje mais de 80% dos 5,5 biliões de doses já administradas.

Este responsável que que cada país inserido no grupo dos mais atrasados nestes processo vacine até 10% da sua população até ao fim deste mês, 40% até ao fim do ano e 70% da população mundial esteja imunizada até meio de 2022.

"Nenhum dos países de baixo rendimento atingiu estes objectivos", atirou.

África pode ficar ainda mais atrasada

Caso se confirme que os países mais avançados passam mesmo para a fase da administração generalizada da 3ª dose da vacina para a Covid-19, isso vai ter como efeito imediato um atraso ainda maior no continente africano nas suas campanhas de vacinação, que são já as menos abrangentes em todo o mundo.

O director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC) disse mesmo, numa conferência de imprensa realizada hoje, que os objectivos de conseguir chegar aos 70 por cento da população africana, perto de 1,3 mil milhões, dos quais apenas cerca de 3,5% foram vacinados co as duas doses, ficam bastante mais difíceis de atingir.

John Nkengasong, em tom crítico, sublinhou que não há qualquer evidência científica que aponta para a necessidade de aplicar uma 3ª dose em pessoas saudáveis quando ainda há milhões de pessoas nos países mais pobres que nem sequer iniciaram a sua imunização.