A nova variante indiana, que já foi detectada em 17 países, com a lista a crescer diariamente, tem como particularidade ameaçadora o facto de se tratar de uma dupla mutação no Sars CoV-2, que lhe confere uma dupla capacidade de transmissão.

No entanto, como explicam hoje vários especialistas citados na imprensa internacional, nenhuma destas mutações é nova, o que é surpreendente é que se trata de duas mutações simultâneas com génese em estirpes conhecidas pela sua maior eficácia na infecciosidade.

Uma das mutações, denominada a E484Q, já era conhecida nas variante sul-africana e brasileira do Sars CoV-2, com maior transmissibilidade e maior resistências às vacinas, embora esteja ainda por provar que seja mais letal.

A outra, conhecida pela ciência como L452R, já tinha sido detectada no EUA, na denominada variante da Califórnia, com igual provada superior capacidade de transmissão entre indivíduos, sendo que, tal como as outras, não esteja ainda certificado um aumento da letalidade face ao vírus inicial/padrão.

A variante indiana de mutação dupla já foi encontrada em países europeus, incluindo a Bélgica, Itália, Reino Unido ou a Suíça, sendo que Portugal, a principal porta de entrada na Europa a partir de Luanda, tem sinalizados seis casos, todos na mesma a área geográfica e de origem conhecida e controlada.

Mas o vírus mutante em duplicado foi, segundo a OMS, igualmente detectado nos EUA e Singapura.

O problema subjacente a esta noa estirpe é que possa ser mais resiste às vacinas, embora os estudos que procuram clarificar essa possibilidade ainda estejam a decorrer, como avançou recentemente a OMS.

Sabe-se, todavia, que esta variante, denominada B.1.617, tem uma maior capacidade de progressão geográfica que as restantes variantes presentes na Índia, o que permite concluir que apresenta uma mais acelerada transmissibilidade e terá contribuído de forma decisiva para que a Índia seja hoje, de longe, o país em todo o mundo onde a Covid-19 mais cresce e onde se acumulam mais problemas devido ao stresse em que se contra o se sistema de saúde, onde falta equipamento de base, como o de auxílio à respiração artificial.

O país, que é o maior produtor mundial de vacina, parou mesmo a exportação para o resto do mundo de forma a concentrar a sua produção nos seus mais de 1.3 mil milhões de habitantes, o segundo mais populoso do mundo a seguir à China mas com centenas de milhões a sobrepovoar extensas áreas suburbanas onde reina a extrema pobreza, de onde estão a sair a maioria das 3.300 mortes diárias (dados de hoje) e as mais de 360 mil infecções a cada 24 horas.

Neste gigante asiático já morreram mais de 200 mil pessoas em quase 18 milhões de casos registados, sendo agora apenas superado em infecções pelos EUA.