O número de vítimas foi conformado pelo administrador municipal de Chipindo, município que se situa a cerca de 400 quilómetros da capital províncial, Lubango, e, depois de retirados do local, foram transportados para a morgue municipal, não sendo conhecidas todas as identidades das vítimas cujos corpos, ao final do dia de ontem, ainda não tinham sido reivindicados.
Esta actividade, na região, envolve centenas de pessoas que procuram acrescentar rendimentos para subsistência de forma artesanal e sem que todas as normas de segurança sejam seguidas.
Estes acidentes não são raros na região, até porque, como explicou à Angop Hélder Lourenço, o administrador municipal do Chipindo, as pessoas aproveitam o período da noite para ir para as minas artesanais de forma a conseguirem escapar à vigilância policial.
Essa a razão para terem sido encontrados entre as vítimas os corpos de mulheres, idosos - um homem com 78 anos - e até crianças, professores e desempregados.
Este foi o segundo acidente com vítimas mortais nas últimas das semanas e as detenções de garimpeiros ilegais na zona de Capembe têm-se repetido, por vezes de forma diária, igualmente, havendo mesmo registo de cidadãos chineses detidos em flagrante, mas também de países vizinhos, como a RDC.
Esta zona da província da Huíla está a ser estudada há anos pelas autoridades angolanas para o relançamento da indústria mineira do ouro que, durante a época colonial produzia quantidades significativas do minério, que ali era extraído ao mesmo tempo que era extraído ferro.
Apesar de não haver registo de mais vítimas, os Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, efectivos da Polícia Nacional (PN) e das Forças Armadas Angolana (FAA) permanecem no local ainda hoje para garantir que todos os locais são vistoriados, visto que esta não era a única exploração e, tal como esta, os restantes locais de garimpo não respondem a quaisquer normas de segurança e o risco de novos acidentes está sempre presente.
A região de Chipindo e Tchikuele, na Huíla, estão, recorde-se, no mapa de prioridades da Operação Transparência, que, apesar de incidir especialmente nas áreas diamantíferas, também ali foi activada, tendo em conta que esta é uma área geográfica onde existem grandes depósitos de ouro praticamente à superfície, atraindo pessoas de várias províncias de Angola pela facilidade de extracção que apresenta.
Entretanto, uma nota do Ministério do Interior, informa que decorrem "diligências para apurar as causas" desta tragédia e para procurar meios mais eficazes ara dissuadir esta actividade que amiúde faz vítimas mortais, nomeadamente no âmbito da Operação Transparência.