"Quero ser astronauta porque o meu sonho é ir à lua e trazer uma estrela para a minha mãe e cientista para criar um robô, para cuidar dos humanos". É esse o desejo de Nelson, de 8 anos. A frequentar a 2.ª classe, para Nelson, proveniente de uma família pobre e residente na periferia da capital de Luanda, as paredes de uma escola, o assento de uma carteira e a figura de um professor chegaram quase tarde, e só foi possível devido a uma iniciativa comunitária.

Trata-se da Eco-Escola, criada pela Jobab-Projectos Sociais. É a primeira do género no País. O pagamento da propina é feito de uma maneira diferente e peculiar: com lixo. Ou seja, no final de cada mês, cada encarregado de educação tem a missão de entregar à escola resíduos sólidos como garrafas pets (garrafas de água, refrigerantes e sumos) e papelões.

Até há uns anos, esses resíduos não eram tidos nem achados, sendo descartados em contentores e lixeiras, mas hoje tornaram-se na "mina de ouro" de centenas de familiares que vivem no limiar da pobreza e têm o lixo como ganha-pão.

A escola onde estuda Nelson tem apenas três salas de aula, não tem portas nem janelas e dispõe somente de uma casa de banho com condições precárias, partilhada por professores e alunos. Está localizada no bairro Catinton, também conhecido como "Cidade dos Milagres", devido ao alto índice de criminalidade, consumo de álcool e prostituição.

A instituição que funciona num espaço arrendado tem sete professores, pelo menos 150 alunos e lecciona da iniciação à 6.ª classe.

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