O documento, que regista o desempenho dos 54 países africanos destaca que desde 2010 o ano de 2019 é o primeiro a apresentar um declínio face ao ano anterior, 2018, colocando oito países fora desta deterioração da qualidade da governação: Angola, o Chade, a Etiópia, a Costa do Marfim, Madagáscar, as Seicheles, o Sudão e o Togo.

No entanto, face ao facto de a análise se limitar a 2019, alguns destes países, como é o caso da Etiópia, havendo outros onde isso possa acontecer devido a conflitos de natureza política interna, poderão ter uma menção distinta em 2020 devido ao conflito que opõe actualmente o Governo de Adis Abeba, do primeiro-ministro e Nobel da Paz, Abiy Ahmed Ali, e o governo regional da região de Tigray, com dezenas de milhares de deslocados já registados no último mês, como o Novo Jornal noticia aqui.

O Índice Mo Ibrahim (IIAG) é sustentado na análise dos seus especialistas a quatro categorias determinantes, a participação da sociedade civil nas decisões, os direitos e a inclusão, o Estado de Direito e o desenvolvimento humano.

E os oitos países destacados do resto do continente - Angola, o Chade, a Etiópia, a Costa do Marfim, Madagáscar, as Seicheles, o Sudão e o Togo - conseguiram melhorar em todos eles, sendo essa a razão, nota o relatório-síntese divulgado em antecipação ao global, para a ênfase dada a estes países, o que pressupõe que em todos eles seja difícil garantir a performance no próximo relatório tendo em conta alguns episódios ocorridos.

O IIAG, que é geralmente considerado a mais substantiva análise à qualidade da governação nos 54 países que integram o continente africano, destaca ainda que entre 2010 e 2019 os níveis de melhoria foram sentidos nas quatro categorias a ponto de mais de 61 por cento da população africana viver hoje em países cujos índices de governação geral melhoram de forma substancial.

Este documento transporta para a actualidade ainda alguns elementos de análise que não estavam em evidência nos anteriores, como é a questão ambiental e a igualdade, resultado de uma apontada melhoria na disponibilização de dados pelos países e ainda um destaque importante para a secção dedicada às oportunidades que as comunidades têm para ser ouvidas pelos detentores do poder político.

A questão das vozes civis que são ouvidas é um elemento que tende, segundo analistas, a impor-se como elemento de diferenciação positiva na governação face ao que até aqui têm sido as categorias privilegiadas, como as melhorias económicas e o desenvolvimento humano, ou seja, a Fundação Mo Ibrahim entende, que para o futuro, as sociedades terão melhor governação quanto mais o poder político escutar as vozes oriundas da sociedade civil e menos reprimir as suas manifestações.

Apesar das melhorias sublinhadas neste IIAG da Fundação Mo Ibrahim, Angola surge classificada apenas em 43º lugar numa lista que contém 54 países, sendo mesmo o que apresenta pior classificação entre os membros da SADC, cuja liderança pertence ao Botsuana.