A água filtrada ou purificada é proveniente de um equipamento que retira as impurezas da água, reduzindo a quantidade de cloro e de partículas de sujeira, enquanto a mineral é proveniente de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas, mas essa é demasiado cara para a maioria dos bolsos dos consumidores, atingindo em Angola preços verdadeiramente proibitivos.
A procura de água filtrada ou purificada está a ser massiva em quase todos os postos de venda, que antes do alerta do Ministério da Saúde (MINSA) sobre a existência da doença, era praticamente inexistente.
Muitas famílias optam agora por consumir esta água, sustentando ter maior e melhor segurança do que desinfectar a água da rede pública com lixívia ou outro produto, atendendo à péssima qualidade da água da rede pública.
Desde o aviso das autoridades sobre a existência de casos de cólera na capital que os estabelecimentos comerciais da venda desta água registam enchentes pouco vistas.
O Novo Jornal constatou, esta manhã, a afluência massiva de pessoas que procuram esta água em todos os estabelecimentos de venda, e ouviu alguns cidadãos que disseram que é mais seguro consumir esta água, cujo preço está ao alcance de muitas famílias, do que tratar a água da rede pública, que jorras nas torneiras, ou é vendida pelos camiões cisternas.
Os conselhos das autoridades para a prevenção do surto, segundo a população, devem ser obrigatoriamente cumpridos, mas pedem ao Governo que resolva a situação do saneamento básico nos bairros, sobretudo nesta época chuvosa.
Entretanto, em diversas unidades hospitalares de Luanda, o Novo Jornal constatou, junto das equipas médicas, a confirmação do registo de casos suspeitos de cólera.
O MINSA confirma o registo de casos positivos de cólera, com epicentro em Luanda, e anunciou que decidiu activar a comissão multissetorial de combate à doença e o plano de contingência nacional para dar resposta ao surto.
Leonardo Inocêncio, secretário de Estado da Saúde para a Aérea Hospitalar, disse esta quinta-feira, 9, que as comissões provinciais de controlo de doença e as unidades sanitárias a nível nacional activaram igualmente o seu plano de contingência e resposta local.
Entretanto, as autoridades anunciaram o registo de cinco mortes, em 58 casos suspeitos, no município de Cacuaco, em Luanda.
Já o presidente do Sindicato dos Médicos de Angola (SINMEA), Adriano Manuel, disse esta quinta-feira, 9, que a falta de saneamento, o aumento da pobreza e o desinvestimento na saúde preventiva potenciam o surgimento da cólera no país, referindo que "não faltaram avisos".
Segundo este médico, a insalubridade do meio ambiente, agravada pela recolha irregular do lixo e a escassez de água, sobretudo em zonas periféricas da capital angolana, potenciam o surgimento de várias doenças que podiam ser evitadas.