O Ministério da Administração Pública Trabalho e Segurança Social está a promover um ciclo de seminários sobre prevenção de acidentes no local de trabalho. À margem destes encontros, em declarações à Radio Nacional de Angola, o inspector-geral do Trabalho, Mário Tavira, que apontou os sectores da construção civil, indústria e prestação de serviços como as mais críticas, avançou os números oficiais, mas que são contestados pelo secretário-geral da Confederação dos Sindicatos Livres de Angola (CGSILA), Francisco Jacinto, que fala em pelo menos 72 mortes no mesmo período só no sector mineiro.
"Os dados oficiais não representam a real gravidade da situação nas empresas angolanas porque a Inspeção Geral do Trabalho não desempenha realmente as suas funções em todo o território e em todas as empresas. Existem empresas onde a inspecção teme averiguar os dados por elas pertencerem a generais e individualidades ligadas ao poder. Sendo assim, a CGSILA não concorda com estes dados, por ter noção da gravidade da situação", disse em entrevista ao Novo Jornal.
O líder sindical fez referência ao Artigo 4.º da Lei Geral do Trabalho, em que a empresa, num cenário que envolve acidentes no exercício laboral, é punida com a multa de cinco a dez vezes o salário médio mensal praticado na instituição.
"Eu não acredito que as empresas estão dispostas a pagar sequencialmente este tipo de custos, caso fossem intimadas devidamente. Acontece que a segurança no local de trabalho é banalizada porque os responsáveis não são responsabilizados em função da Lei. Sendo assim, está-se a contribuir parar a paralisação do próprio sentido de Nação", acrescentou.
O Dia do Trabalhador é comemorado em Angola no dia 1 de Maio, à semelhança do resto do mundo. No entanto a classe trabalhadora ainda se debate com diversos constrangimentos. Más condições de trabalho, salários baixos e a necessidade da revisão da Lei Geral do Trabalho compõem a lista de preocupações da classe trabalhadora.