O médico encontrava-se em formação no Hospital Américo Boavida, na especialidade de urologia, mas pertence ao quadro da Polícia Nacional (PN), e estava no último ano da sua formação, faltando-lhe apenas seis meses para a conclusão quando foi expulso daquela unidade hospitalar, onde estava em formação de especialidade.

Ao Novo Jornal, uma fonte do da direcção confirmou a expulsão do médico em Dezembro último, após a conclusão do inquérito de que foi alvo e que os restantes membros da equipa médica em serviço já voltaram ao trabalho.

Fontes próximas do Novo Jornal asseguram que não lhe foi instaurado nenhum processo disciplinar quando foi expulso do hospital, sem ter terminado a formação.

Entretanto, o Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SNMEA), quando contactado pelo Novo Jornal para falar sobre o assunto, disse que a expulsão do médico foi abusiva.

Adriano Manuel, líder do sindicato, disse que a direcção do HAB expulsou simplesmente o médico, sem deixá-lo acabar a formação, para salvaguardar a sua "péssima" imagem.

"O médico ficou suspenso e foi expulso do hospital simplesmente sem ser ouvido como mandam as regras", contou o sindicalista, assegurando que o SNMEA lamenta o facto de o médico não terminar a formação de especialidade em urologia.

O médico que alegadamente recusou o atendimento ao paciente que acabou por falecer à porta do hospital foi acusado pela direcção do HAB de negligência médica. Na mesma altura suspendeu, para além do médico, todos os membros da equipa clínica em serviço.

Face à gravidade do sucedido, a direcção do Hospital Américo Boavida considerou, em declarações aos jornalistas, que "o médico teve uma atitude criminosa" e oficiou a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a gravidade do facto.

O Novo Jornal procurou saber junto da PGR se a direcção do HAB terá accionado a instituição, mas não obteve resposta.

Em declarações aos jornalistas, no mês de Setembro, o director do Hospital Américo Boavida, Mário Fernandes, deu a conhecer que o médico em serviço não informou a equipa médica com quem trabalhava, nem a direcção da unidade sanitária, sobre o sucedido.

Segundo este responsável, o paciente que morreu foi levado para o hospital por familiares e viu rejeitada a sua entrada no banco de urgência, como noticiou em primeira mão o Novo Jornal no dia 19 de Setembro.

Na ocasião, a direcção do HAB admitiu ter existido negligência médica, mas disse que tudo faria para evitar que episódios do género se repetissem. Entretanto, de lá para cá, não há qualquer registo de situações similares.