A homicida foi também condenada apagar uma indemnização de dois milhões de kwanzas aos familiares da vítima, uma taxa de Justiça de 50 mil Kwanzas e 10 mil para o seu advogado oficioso.

Os familiares da vítima não gostaram muito da decisão do tribunal, por acharem a pena pouco pesada, uma vez que a arguida não apresentou os comparsas assassinos.

Segundo os familiares do irmão, o ex-namorado da arguida, Irene de Matos e Silva traía o namorado com o irmão mais novo (a vítima) e ambos roubaram o dinheiro.

Irene de Matos e Silva contradisse-se inúmeras vezes quando interrogada pelo tribunal e disse que foi o namorado quem mandou matar o irmão, o que não ficou provado.

Antes, em fase de instrução do processo, segundo os juízes do julgamento, a mulher assumiu a autoria do homicídio da vítima, Fernando Luanda Francisco.

Conta a acusação do Ministério Público (MP) que os arguidos, Irene de Matos e Silva, de 31 anos, e Arnaldo Fernando Macongo Francisco, de 37 (irmão mais velho da vítima), mantiveram uma relação amorosa por cinco anos, e, por motivos desconhecidos, a arguida arquitectou um plano macabro no sentido de se vingar do namorado.

E que, "em dia, mês e ano indeterminados, de forma ardilosa e calculista, a arguida criou um perfil falso no Facebook interagiu com o jovem assassinado, sem que ele se apercebesse que se tratava da arguida".

Foi assim, descreve a acusação, que no dia 25 de Fevereiro de 2021, no período da tarde, a arguida agendou um encontro com a vítima, e, para não ser reconhecida por ele, contratou uma jovem apenas identificada por Janice, a quem prometeu pagar a quantia de 100 mil kwanzas.

A jovem atraiu a vítima até à residência do irmão, no Zango 0, no Projecto Vila Pacifica, onde se encontrava na companhia de outro indivíduo, prófugo no processo.

Nessa altura, diz a acusação, Arnaldo Fernando Macongo Francisco, o irmão da vítima, estava longe, em alto-mar, a trabalhar numa petrolífera.

"Já no interior da residência, a citada Janice, previamente orientada pela arguida, serviu uma sopa ao ofendido, sopa esta que havia sido preparada por ela, que continha substâncias entorpecentes (diazepam) ", conta o MP.

Após a ingestão da sopa, a vítima adormeceu e foi nesse momento que a arguida saiu do seu esconderijo, pagou a quantia prometida à jovem contratada, que se retirou do local, continua a acusação. Acto contínuo, prosseguiu o MP, "a arguida chamou o seu comparsa, prófugo no processo, que levou a vítima desacordada até um dos quartos".

"No interior do quarto, algemou os seus membros superiores, vendou-lhe o rosto, cobriu-lhe as vias respiratórias com fita-cola, e, com a ajuda de um instrumento cortante, não apreendido nos autos, amputou os seus membros inferiores", prosseguiu a acusação, enquanto a arguida se dirigiu a um ATM localizado no interior da Cidade da China, e efectuou uma transferência bancária a favor do seu comparsa.

De regresso ao apartamento, a arguida forneceu ao seu comparsa um reservatório de 200 litros, onde colocaram o corpo da vítima, que permaneceu no interior daquele apartamento durante 48 horas, antes de o transportarem e abandonarem na via pública, no Km 30.

Após o desaparecimento físico do cunhado, a arguida partilhou comentários sobre os motivos da sua morte numa plataforma denominada "Wasphakhalece wee she Maneso", e enviou diversas mensagens ameaçadoras a um dos declarantes no processo.

Seis meses após a morte do irmão mais novo, o arguido Arnaldo Francisco terminou a relação amorosa com a arguida, e solicitou que esta abandonasse o seu apartamento, facto que gerou desavenças entre ambos e sentimentos de vingança por parte da arguida.

Foi assim que, em Fevereiro último, a mulher arquitectou um sequestro do namorado, na zona do Grafanil Bar, que desencadeou por parte do Serviço de Investigação Criminal (SIC) investigações que culminaram na descoberta do corpo do irmão do namorado (a vítima).

Segundo o MP, a vítima faleceu na sequência de asfixia mecânica resultante de oclusão dos orifícios respiratórios que provocaram sufocação, a amputação das pernas foi feita depois da morte.