À entrada do município-sede, uma pequena cascata reduz a correnteza das águas no leito do Cuango, o majestoso rio que empresta o seu nome a um dos 10 municípios da província da Lunda-Norte. Neste troço, o rio descreve a última curva antes de alcançar a ponte que divide os municípios do Cuango e de Xá-Muteba.

Com uma extensão de 1.100 quilómetros, o Cuango, que nasce na vizinha província da Lunda-Sul, corre veloz em direcção à República Democrática do Congo, país com o qual faz fronteira, onde também se junta ao Cassai, para, depois, desaguar no caudaloso rio Congo ou, se preferirem, Zaire.

No rio, há maciços de pedras sobrepostos que se assemelham a pequenas ilhas salpicadas no leito do Cuango. Sobre um dos maciços, a OSAID, uma empresa de diamantes, instalou dragas para a exploração de pedras brilhantes que são alimentadas por geradores que, de quando em vez, deixam escapar o gasóleo e óleo para a água.

À volta da minúscula "ilha" de pedra, uma jangada flutua, e trabalhadores mineiros, dentre os quais mergulhadores, submergem nas profundezas do rio para testar a qualidade do cascalho.

Mas, os maiores sinais de poluição ambiental provêem das águas barrentas, ou seja, não recicladas, que são devolvidas ao rio pelas lavadeiras das empresas e dos garimpeiros que exploram os diamantes ao longo do Cuango.

Noutras pequenas "ilhas" sedimentadas de pedra, as mulheres, acocoradas, lavam peças de roupas que depois são estendidas sobre as pedras. Um pouco mais baixo do local, há homens, mulheres e crianças a acarretar água directamente do rio.

A vida dos 64 mil habitantes do município do Cuango gravita em torno do rio para o consumo de água, actividades piscatórias, lavagem de roupa e extracção de diamantes, sobretudo por parte de jovens garimpeiros, devido à gritante falta de empregos.

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