Foi no ano de 2003 que Ndinelao Daniel e Venasiu Tangeni, de 40 e 48 anos, chegaram à pequena localidade de Omusheshe, Okatana, na região namibiana de Oshana, provenientes de Angola, de onde saíram em busca de uma vida melhor.
Esta história é contada por Eliaser Ndeyanale, do jornal The Namibian, que foi encontrar a família Tangeni, agora com quatro filhos, todos já nascidos na Namíbia (Kashiimbi Tangeni, Epifania Tangeni, Ndahangwapo Tangeni, e Eufemia Tangeni) a viver sem condições mínimas e a sobreviverem da caridade de instituições locais ou da bondade de alguns dos seus vizinhos.
Com os seus filhos todos nascidos no país de acolhimento, e porque a sua condição de ilegais assim o impôs, nenhuma das crianças tem certificados de nascimento e mesmo a mãe, Ndinelao Daniel, também não sabe que idade tem, sabe apenas que nasceu em 1980 e que chegou à Namíbia quando tinha 23, mas as dificuldades da vida afastaram-na das coisas mais elementares.
Nunca frequentou a escola, garante que nasceu em Angola, onde viveu até aos 23 anos, mas não tem como provar a sua nacionalidade, mas Venasiu Tangeni ostenta um passaporte angolano, embora a sua condição de sobreviventes do dia a dia nunca lhes permitiu sequer registar os seus filhos, o que lhes poderia garantir os apoios estatais mínimos na Namíia.
O que esta família pede não é muito: segundo o The Namibian, querem apenas um pequeno pedaço de terra, como têm os seus vizinhos, para poderem cultivar alguns alimentos, e o direito ao apoio básico para os seus filhos, de forma a que não continuem a passar forme a depender da caridade de terceiros.
Para sobreviverem, além da caridade "de alguns bons samaritanos", segundo Daniel, a família vende uma espécie de sumo de fruta, mas que não dá sequer para que possam ir para a cama sem fome.