No texto assinado pelo jornalista Gustavo Costa, a frase integral usada pelo ex-Vice Presidente durante os últimos anos de poder de José Eduardo dos Santos é esta: "Tenho pena que, perante o que se está a passar neste momento em Angola, ela (Isabel dos Santos) não entenda que, nesta guerra, não haverá vencedores".
Isto, num contexto em que o semanário publicado em Lisboa garante que Isabel dos Santos disse em privado que está a preparar a divulgação documentos que comprovam alegadas operações de financiamento feitas pela Sonangol que comprometem Manuel Vicente e outros elementos da administração da petrolífera, incluindo Gaspar Martins, e do próprio MPLA.
Os documentos a que alude o jornal terão, diz a notícia, sido retirados dos arquivos da Sonangol durante o período em que a empresária presidiu ao seu conselho de admistração, cerca de um ano, entre o fim do mandato do seu pai e o início do de João Lourenço, que a destituiu, e conterão informação explosiva sobre movimentos financeiros na petrolífera que comprometem João Lourenço porque, alegadamente, serviram de suporte à campanha que conduziu à sua vitória eleitoral em 2017.
Confrontado com esta possibilidade, Manuel Vicente garante ao jornal que nunca usou dinheiros da Sonangol.
"Nunca usei dinheiro da Sonangol, usei sim o network que me permitiu crescer e estar à altura de contribuir para o desenvolvimento do nosso país", diz Manuel Vicente.
Esta é a primeira vez que Manuel Vicente, um dos homens que esteve sempre na linha da frente do poder em Angola durante a última década, pelo menos, do poder de José Eduardo dos Santos, seja à frente da então toda poderosa Sonangol, seja, depois, como Vice-Presidente da República, reage a este episódio que está a marcar de forma evidente a actualidade em Angola e a fazer correr ainda muita tinta na imprensa internacional devido à projecção de Isabel dos Santos.