A Diocese de Benguela completou 50 anos de existência. Qual é a visão da Igreja Católica sobre essa província?

Estamos num momento especial da nossa história como igreja. Celebrámos os 50 anos da nossa Diocese e estamos a preparar o encerramento das nossas festas jubilares, que ainda não encerraram por causa da pandemia da Covid-19 no ano passado. Mas esperamos que, este ano, possamos celebrar. São 50 anos de história e de uma grande caminhada. Espero que essa celebração dê vitalidade à nossa Diocese.

Temos uma igreja consolidada, com 50 anos. É uma diocese com grande número de fiéis, e as estatísticas oficiais apontam que 70% da população professam a fé Católica. No entanto, há sempre uma distinção sobre professar a fé e praticá-la, por não corresponder aos números indicados, mas a maior parte das pessoas desta província professa a fé Católica.

Como assim?

Em Angola, a Diocese de Benguela é a que tem maior número de sacerdotes. Grande parte dos religiosos provém da província de Benguela. Temos uma igreja com muita vitalidade e com muitas vocações, com leigos empenhados, a que chamamos evangelizadores e catequistas, que são pedras basilares no crescimento desta Diocese. É uma diocese com um carisma muito especial e ela tem no centro a eucaristia e não é aquela que se fecha. Estamos a preparar-nos para o enceramento do nosso Jubileu.

Por esta altura, o que de relevo ocorrerá?

Vamos ordenar 24 sacerdotes no dia 20 de Junho, mas, em tempos de pandemia, temos dificuldades, contudo a nossa Igreja está atenta e mostra a sua vitalidade. Uma coisa particular que convém ressaltar é que estes 24 sacerdotes são jovens da nossa Diocese. Como gesto de preocupação e como uma igreja em Angola, esses sacerdotes não vão trabalhar aqui, serão enviados para as dioceses do País e de Portugal com mais necessidades. É um marco para a nossa história. E quanto à Igreja, podemos dizer que a Diocese está muito bem.

O que representa Jubileu para a Igreja Católica em Benguela, ao completar 50 anos de existência da Diocese?

O Jubileu representa uma ocasião muito especial, representa também um tempo de avaliação e do que podemos preparar durante os próximos 50 anos. Agora, o nosso objectivo é preparar o centenário da nossa Diocese. Estamos mobilizados, ficámos um mês inteiro em celebração e temos de ter consciência de que os 50 anos já passaram. Agora, resta-nos olhar para frente, para dar continuidade ao trabalho que outros deixaram muito bem feito. Devemos preservar e continuar.

Afirmou que esta Diocese tem muitos sacerdotes. Quantos?

Hoje, os sacerdotes naturais de Benguela são mais de 400, dos quais metade está aqui na nossa Diocese. Temos vários sacerdotes em Portugal, nos Estados Unidos, no Brasil e em Espanha, como missionários. Os sacerdotes que estão enquadrados na Diocese de Benguela são 200. Com a ordenação destes 24, o número irá aumentar. Temos uma Igreja Católica unida em Benguela. Ela, para poder expandir-se, está a criar paróquias, missões e centros pastorais. Estamos envolvidos num profundo trabalho, porque a população se deslocou do interior para as cidades devido à guerra. A nossa preocupação é a cidade de Benguela e do Lobito. Estamos empenhados na criação de paróquias de proximidade. O objectivo é conseguirmos uma diocese que permita que os fiéis sejam bem servidos. Os fiéis não podem estar muito longe dos sacerdotes. No entanto, há esforço para se criarem novas paróquias. Os fiéis devem ser assistidos, pois isto cria coesão.

Repito: temos de estar unidos na Igreja Católica. As diferentes congregações religiosas que temos não dividem a nossa Igreja. A gestão da Igreja Católica está confiada no bispo, assim como a gestão da Igreja no seu todo está confiada ao Santo Padre. Não temos uma igreja que possa perigar a unidade.

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