"Os professores têm sido patriotas. A lei da greve dá apenas 20 dias de negociação e nós demos dois anos. O Ministério da Educação (MED) fez finca-pé às nossas reivindicações, agora, caberá aos professores este sábado decidirem o rumo a tomar, se entramos em greve ou não", disse Guilherme Silva, presidente do SINPROF.

Entre os 10 pontos apresentados no caderno reivindicativo em Outubro de 2019, as melhorias de condições e a valorização do tempo de serviço são as que mais inquietam a classe docente.

Segundo o sindicalista, esta decisão consta das conclusões saídas da II Reunião Ordinária do Conselho Nacional do Sindicato dos Professores, que ocorreu no mês passado na província do Bié.

A realização da greve dos professores do ensino não universitário só irá acontecer, de acordo com Guilherme Silva, pelo facto de não existir interesse do Estado na resolução dos problemas que inquietam a classe.

"Demos um tempo ao Ministério da Educação e o MED ficou de contactar outros departamentos ministeriais que concorrem para a solução das questões que os professores reivindicam. Mas temos notado má-fé por parte do Ministério da Educação", referiu.

De acordo com o presidente do SINPROF, o MED leva às entidades de direito informações que não foram discutidas em mesa de negociações e isso concorre para o extremar de posições.

"Pelas condições que trabalhamos é impensável e impossível termos um ensino de qualidade em Angola. Por outra, o tempo de serviço dos professores não contou aquando do processo de transição do anterior estatuto para o actual", lamentou.

"Não é justo termos professores que foram enquadrados na educação em 2018 e 2020, estarem na mesma categoria que os professores que já estão enquadrados há mais de 20 e 30 anos", prosseguiu.

"Temos mais de 180 mil professores nestas condições. E não é justo, temos também milhares de professores com mais de cinco anos de serviço que continuam em regime probatório e não foram nomeados para o quadro efectivo do sector", explicou.

Em Abril de 2018, o SINPROF decretou uma greve que paralisou as aulas durante uma semana em todo a País.