Este surto foi detectado a 21 de Abril, com os dois primeiros casos de morte a serem registados, havendo ainda vários casos de contaminação, alguns a precisar de confirmação laboratorial.
A RDC teve o seu primeiro surto epidémico de Ébola, a mais letal das doenças hemorrágicas conhecidas, em 1976, precisamente na província do Equador, onde decorre este novo surgimento do vírus.
A cidade de Mbandaka, onde ocorreu mais este surto de Ébola, está situada na margem do Rio Congo, a principal via fluvial da RDC, que desagua na fronteira de Angola, percorrendo dezenas de quilómetros a bordejar o território nacional antes de fluir no Atlântico, distanciando perto de 600 quilómetros da capital Kinshasa.
O risco de alastramento da infecção neste contexto, com uma cidade com perto de um milhão de habitantes, Mbandaka, com frágeis condições de saneamento, sendo um importo porto fluvial que liga o Equador à capital do país, e depois, mais para sul, a Angola, é sempre maior, visto que as vias fluviais, devido à deterioração das estradas, são o principal meio de mobilidade neste país com quem Angola partilha mais de 2.500 kms de fronteira.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nesta primeira etapa da campanha de vacinação, avança o site ReliefWeb, do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação das dos Assuntos Humanitários, foram disponibilizadas perto de 200 doses da vacina.
Este tipo de campanha desenrola-se a partir dos locais de contágio confirmado, vacinando os contactos dos pacientes e os contactos destes, de forma a evitar a propagação do vírus, que se transmite, essencialmente, através do contacto dos fluídos corporais das vítimas, sendo as cerimónias fúnebres os momentos de maior risco devido ás tradições locais de honrar o falecido através do contacto físico com o cadáver.
Até ao momento, e desde 21 de Abril, foram registados perto de 240 casos de contactos com as vítimas já conhecidas, estando três equipas de vacinação já no terreno, que, como sempre sucede, confrontam-se com problemas de crendices culturais que levam as pessoas a fugir das vacinas...
A efectividade e eficácia das vacinas foi já testada noutras epidemias de Ébola, nomeadamente em 2020, no leste da RDC, nas províncias do Kivu Norte e Íturi, quando uma grave epidemia levou à morte de mais de 2 mil pessoas.
E já tinham sido fundamentais para controlar a epidemia de 2013/14, na África Ocidental, Libéria, Guiné-Conacri e Serra Leoa, a mais grave de sempre, que fez mais de 11 mil mortos e atingiu mais de 120 mil pessoas...
O responsável pela OMS-África, Matshidiso Moeti, disse que a experiência das equipas no terreno e a eficácia das vacinas vão permitir debelar este surto com relativa rapidez, garantindo, ao mesmo tempo o "apoio total" ao país neste capítulo.
O Ébola tem ganhado tracção na RDC, com sucessivos surtos e epidemias nos últimos anos, onde seis dos 14 que já ocorreram desde 1976, sucederam desde 2018.