O SIC alerta que os criminosos fazem-se passar por funcionários de empresas públicas e bancos comerciais ou por funcionários da UNITEL sob a justificação de que estão a tratar de questões relacionadas com a progressão dos seus cartões para o 5G, recorrendo a informações, como o Novo Jornal verificou com uma das vítimas, que deveriam ser exclusivas desta e da operadora.

Segundo a investigação do SIC, que trabalha para o desmantelamento da crescente rede de burladores no País, a província de Cabinda é o território onde está o foco da extensa rede de burladores que têm sequestrado contas nas redes socias, sobretudo no WhatsApp, a que recorrem para, em nome das vítimas, entre outros esquemas, proporem apelativos negócios de câmbios de euros/dólares para kwanzas, aproveitando-se da crise cambial que o país atravessa.

Este problema agrava-se quando, a partir desta conta, a rede criminosa tem acesso a outros dados, como, por exemplo, de contas bancárias, imagens íntimas que permitem chantagens ou, entre outros, fazer pedidos de dinheiro a "amigos" ou "familiares.

Segundo as autoridades policias, os criminosos fazem-se maioritariamente passar por funcionários das empresas UNITEL, ENDE, EPAL e os bancos BAI e o BFA.

Na operadora de telefonia móvel UNITEL, fazem-se passar por operador que pretende instalar o sistema "5G" e fornecem um número de acesso ilegítimo, que depois, caso aceitem, passam a ter acesso aos seus dados.

No caso que o Novo Jornal teve acesso quase em tempo real, o falso operador da UNITEL, mostrando conhecer os problemas que o cliente tinha com a operadora, anunciou a resolução do problema com o envio de um código a que este acederia via mensagem telefónica e que, por sua vez, devolveu ao burlão, permitindo, incautamente a que este clonasse o seu "chip", passando a ter acesso a tudo o que a este estivesse ligado, como as contas de Whatsapp.

Isso mesmo também confirma o SIC, que avança que nos últimos meses várias pessoas viram as suas contas da rede social WhatsApp sequestradas, após terem recebido chamadas e seguirem as instruções dos criminosos.

Em declarações ao Novo jornal, porta-voz do SIC-geral, o superintendente-chefe, Manuel Halaiwa, disse que os números são bloqueados após participação dos cidadãos junto do SIC e de um trabalho de investigação apurado.

"Para não continuarem com a actividade criminosa, nós mandamos bloquear os números e continuamos com as investigações", disse Manuel Halaiwa, acrescentando que o certo é as pessoas denunciarem quando estão diante desta situação.

Segundo o SIC, as pessoas não devem alinhar nestes esquemas seguindo as instruções feitas por pessoas que se fazem passar por funcionários de uma destas empresas sem terem a confirmação inequívoca de que se trata de uma chamada legítima.

E a UNITEL alerta que em caso de clonagem do cartão o cliente deve-se dirigir imediatamente a uma loja e mandar bloquear o número e solicitar uma segunda via do mesmo.

Entretanto, o SIC descarta qualquer envolvimento directo das empresas que os criminosos supostamente mencionam que se fazem passar por seus funcionários, mas, como o Novo Jornal soube junto de fonte conhecedora destes esquemas, não há forma de apurar facilmente se do interior das empresas não estão a ser passadas informações que deveriam ser sigilosas.

Um dos exemplos dados por esta fonte é o caso dos assaltos junto às agências bancárias depois de um cliente levantar somas elevadas de dinheiro que é hoje factual serem os funcionários destas passarem a informação para cúmplices no exterior, sem que os bancos tenham efectivamente e oficialmente qualquer ligação a este tipo de crimes.

Embora, naturalmente, como o SIC nota, os meliantes com experiência informática conseguem obter dados e contactos de cidadãos com uma relativa facilidade e que, depois, usam nestes esquemas criminosos.

Recentemente, fontes do SIC e da Direcção de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP) asseguraram ao Novo Jornal que são muitas as figuras politicamente expostas que sofreram sequestros de contas nas redes socias por burladores.

Tratou-se de três ministros, em exercício, dois magistrados judicias e seis figuras políticas (do MPLA), sofreram burlas de milhões de kwanzas, porque acederem aos falsos formulários de actualização do aplicativo bancário "BAI Directo" e "Multicaixa Express".

Uma investigação policial do SIC, que trabalha para o desmantelamento da crescente rede de burladores, aponta a província de Cabinda como sendo território onde está o maior foco da extensa rede de burladores que têm sequestro contas nas redes sociais.

Mais de 20 cidadãos, todos residentes em Cabinda, estão na "lupa" do SIC, sob forte indícios de estarem conectados a extensa rede de burladores, com suporte técnico de cidadãos congoleses da RDC.