Trata-se dos sub-comissários Amadeu Gonçalves Suana e Samuel Ramos Peso, à data dos factos director e director adjunto do SIC na província da Huíla.

Segundo a acusação do Ministério Publico (MP), ambos montaram um esquema de apropriação ilícita de viatura no comando provincial do SIC-Huíla.

No esquema montado, os arguidos escolhiam as viaturas para desviar e de forma dissimulada remetiam por vezes o processo ao departamento dos crimes contra a propriedade de Luanda, que era chefiado por um comparsa, já falecido, fazendo crer que os processos eram tratados no SIC-geral em Luanda.

A acusação refere que os arguidos desviavam propositadamente as viaturas "topo de gama" na cidade do Lubango e apropriavam delas.

Lucas Ramos, o magistrado do MP que procedeu à leitura da acusação, frisou que os arguidos sempre agiram de forma consciente e consertada.

Conta a acusação que muitos dos veículos apreendidos circulavam mesmo na cidade do Lubango, facto que levou os proprietários a denunciaram a situação à PGR na Huíla.

Conforme a acusação, após serem chamados à PGR na Huíla, os dois oficiais superiores do SIC tentaram subornar um dos queixosos para que este, testemunha no processo, não os delatasse.

A acusação refere que passados alguns meses, isto em 2016, os arguidos tentaram efectuar a pagamento de duas viaturas a um dos declarantes para que o processo-crime não prosseguisse.

Segundo a acusação, os arguidos "são useiros e vezeiros nesta prática de crimes", por isso o MP requer que ambos sejam julgados.

O Novo Jornal soube junto do Supremo que este é o primeiro julgamento público de dois oficiais comissários do SIC pelo Tribunal Supremo.