Este crime gerou uma das mais graves crises diplomáticas em muito anos envolvendo diversos intervenientes de peso, sejam os pesos-pesados regionais Turquia e Arábia Saudita, sejam os EUA e o conglomerado europeu União Europeia, devido ao horror generalizado que a morte do cronista do jornal norte-americano, The Washington Post, gerou em todo o mundo.
Kashoggi, de 60 anos, jornalista severamente crítico do Governo saudita, como é hoje dado como provado, até pelas autoridades sauditas, foi morto e o seu corpo desmembrado em Istambul, por um comando enviado pelo Governo de Riade, capital saudita, quando ia ao consulado do seu país natal pra tratar de documentos do seu planeado casamento com uma cidadã turca.
Com residência e exílio nos EUA, Khashoggi era um alvo de Riade há muitos anos e agora a secreta externa norte-americana, CIA, vem traduzir aquilo que eram suspeitas generalizadas, e verbalizadas pelo Presidente turco Erdogan, desde o início: Foi Mohammed bin Salman, o poderoso herdeiro do Reino saudita, quem esteve por detrás da morte do jornalista.
A revelação do relatório da CIA onde consta esta convicção foi revelado pelo jornal onde Khashoggi trabalhava, o The Washington Post, consubstanciando este mais um passo na direcção do herdeiro do poder em Riade como o mentor do crime cometido por um comando de 15 homens enviados a Istambul para matar e se desfazer do corpo de Jamal.
A CIA, segundo o documento divulgado, chegou a esta conclusão devido a uma série de telefonemas interceptados entre figuras próximas e familiares de Mohammed bin Salman, e o próprio, com os protagonistas da missão homicida a Istambul.
Apesar dos repetidos desmentidos de Riade sobre a culpabilidade de bin Salman, a verdade é que o Presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, nunca desistiu de apontar o dedo à cúpula do poder saudita, o que foi uma das mais fortes pressões para que também Washington mantivesse, devido ao cenário existente - um jornalista dissidente, exilado nos EUA, morto pelo governo do seu país natal - fosse engrossando o tom face às cada vez mais salientes evidências de culpabilidade de Riade, incluindo a de gerar sanções sobre o país e quem o governa.
Apesar de a corte saudita ter informado que fora pedida a pena de morte para cinco dos envolvidos no assassinato de Khashoggi, e de manter forte a estratégia de afastar Mohammed bin Salman do centro das atenções, a verdade é que o documento elaborado pela CIA contrara de forma evidente o esquema saudita oficial.
Entre as mais importantes peças contraditórias com a versão oficial de Riade está um telefonema entre um dos irmãos do príncipe herdeiro, que é embaixador nos EUA, e o jornalista abatido no início de Outubro, onde o diplomata e príncipe aconselha Jamal a ir ao consulado em Istambul, garantindo-lhe segurança, tendo o telefonema sido feito a pedido do herdeiro do trono da Casa de Saud, que gere o reino com mão de ferro desde a sua fundação, em 1744, como uma monarquia absolutista e fortemente conservadora.
A Casa de Saud já desmentiu o relatório da CIA.