Numa operação que o Novo Jornal acompanhou, os elementos do SIC abriam os cinco contentores que já estavam no Porto de Luanda prontos para serem embarcados rumo aos EAU, completamente cheios de metal, quase tudo cobre, que foi furtado de linhas eléctricas nacionais, postos de transformação e ouros equipamentos, públicos e privados.
Estes cinco contentores, apreendidos no passado dia 09, terça-feira, fazem agora parte de um lote de 15 que foram apreendidos desde o início de 2020.
Estão envolvidos neste esquema de exportação ilegal de metal cidadãos da República Democrática do Congo, indianos e angolanos.
Sobre o esquema fraudulento, segundo apurou o Novo Jornal, não há nenhum detido, mas o SIC-geral, garantiu nos próximos dias dar resposta sobre os elementos envolvidos.
De acordo com o porta-voz do SIC-geral, superintendente de investigação Manuel Halaiwa, os contentores continham os cabos eléctricos e barras (lingotes) de cobre arrumados de forma dissimulada, preparados para exportação fraudulenta, como se de lixo, sucata ou resíduos ferrosos se tratasse.
"A fraude foi detectada no âmbito de acções operativas em curso para o combate ao roubo e vandalização de postes de iluminação públicas e cabines de alta tensão para subtracção dos cabos condutores de alumínio e cobre que têm sido transformados em lingotes e posteriormente enviados para diversos países", descreveu o oficial.
Manual Halaiwa fez saber ainda que a investigação feita pelo SIC-geral determinou uma associação criminosa que se dedica há anos a exportar sucatas e material ferroso a par de metais roubados com prejuízo do bem público.
"Está associação tem como cabecilhas cidadãos indianos e da RDC, com a intervenção de alguns angolanos que criam empresas e alugam os seus alvarás à associação criminosa, envolvendo despachantes, funcionários da Administração Geral Tributária (AGT), do Ministério da Indústria e Comercio, Polícia Fiscal, que combinadamente emitem pareceres favoráveis à saída das mercadorias", explicou.
Segundo o responsável pela comunicação do SIC-geral, com este esquema fraudulento, os protagonistas principais desta arquitectura criminosa passaram a funcionar a coberto de duas empresas possuidoras de licença de exportação de resíduos ferrosos, nomeadamente a GWALA, LDA, sociedade Comercial Angolana com sede no município de Cacuaco, e a AMBITÉCNICA - SOLUÇÕES ECOLÓGICAS, LDA, com sede no Sambizanga.
"Estão ainda envolvidas outras Empresas não possuidoras de licença de exportação para angariar os produtos, entre os quais, a GREAT GANESHO, empresa de transporte, a SWISS, empresa de águas purificadas, instalada na ex-siderurgia nacional, a BALAGI e a SIDDHI INDÚSTRIA, LDA, com domicílio electivo no município de Viana", afirmou.
Ao Novo Jornal, Manuel Halaiwa revelou que os cinco contentores estavam destinados para embarcar hoje, quinta-feira,11, como resíduos de cobre, desta vez com a empresa AMBITÉCNICA - SOLUÇÕES ECOLÓGICAS, que se apresenta como dono da mercadoria.
"Mas na verdade, essa empresa apenas funciona como trampolim, mercê da licença que dispõe para exportação de material ferroso, pré concebido pela associação criminosa, com a comparticipação de um despachante e outras entidades que concorrem para o aval da exportação, pois estavam munidos de documentos visivelmente válidos", disse, acrescentando que os contentores de proveniência duvidosa, estavam prontos para seguir viagem para os Emirados Árabes Unidos.
"Este não é o primeiro caso, em Março de 2020 a Polícia Fiscal procedeu à apreensão nos mesmos moldes de 10 contentores de 20 pés, que numa inspecção intrusiva constatou-se que se tratava de cabos eléctricos descarnados, barras de cobre e de alumínio", contou, salientando, que a situação fez despoletar um processo de cariz aduaneiro, por contrabando qualificado.
"Na data dos factos houve duas detenções, sendo um agente da Polícia Fiscal e um funcionário da empresa GWALA LDA por negligência, grosseira, soltos, sem no entanto, conseguir chegar ao proprietário primitivo da mercadoria, por encobrimento dos ex-detidos", acrescentou.