Relatos produzidos pela imprensa de Kinshasa, capital da RDC, através de testemunhas nos locais onde os milicianos de Kamuina Nsapu, líder tradicional que se batia contra a presença das instituições do Estado no Kasai Central, morto em Agosto em confrontos com a polícia, dão conta de pilhagens em massa e destruição de equipamentos do Estado, incluindo esquadras de polícia e escritórios da comissão eleitoral independente (CENI), na área de Kananga, capital provincial.
Estas acções, que aparentam alguma sofisticação organizacional, começaram na passada semana em Kananga, prontamente rechaçadas pela polícia, co um balanço de meia centena de mortos nos confrontos com os milicianos de Nsapu, mas estes, depois de retirarem da cidade, dirigiram-se para outras localidades com nome como Luandanda, Mutoto ou Muamba Mbuyi, deixando, segundo a Rádio Okapi, um rasto de destruição, essencialmente por fogo posto em edifícios representativos do poder de Kinshasa.
Esta situação representa mais uma forte preocupação para o Governo do Presidente Joseph Kabila, mas também para a comunidade internacional, porquanto, como é cada vez mais claro, a RDC está à beira da violência generalizada, depois dos últimos confrontos na capital, com dezenas de mortos num protesto contra o adiamento das eleições presidenciais e, como acontece há muitos anos, a tragédia continuada nos Kivu"s, provocada pelas guerrilhas oriundas do Ruanda e do Uganda.
Perante este cenário de destruição e pilhagens no Kasai Central, o vice-primeiro ministro da RDC, Evariste Boshab, disse estar a acompanhar de perto a evolução dos acontecimentos e garantiu que todas as medidas necessárias para a reposição da ordem serão tomadas.
Recorde-se que Kamuina Nsapu, líder tradicional com milhares de seguidores, argumentava, como justificação para as acções violentas, tal como os seus sucessores afirmam, o Estado e as suas instituições desrespeitam os cidadãos da sua região e abusam do poder, sendo a violência a resposta "adequada".
Mas, segundo alguns analistas, este argumentário é percursor de outro tipo de reivindicações, que podem chegar às questões políticas sobre o indefinido alargamento da autonomia da província do Kasai Central.