Jânio Correia Victor, que falava em conferência de imprensa para anunciar o evento, disse que a conferência tem entre outros objectivos dar a conhecer as inúmeras oportunidades de negócio no subsector dos diamantes e continuar a dar credibilidade ao sector mineiro nacional, bem como dar a conhecer nacional e internacionalmente o valor do diamante angolano.

"Nós estamos direccionados em primeiro lugar a dar a conhecer o que é o diamante angolano de facto, isto é muito importante. O diamante para além de uma 'commoditie' é recurso mineral estratégico, mas que ocorre no nosso país em condições próprias", referiu Correia Victor.

O governante angolano salientou ainda que para o evento, que se baseará em apresentações e debates interactivos, assim como mesas redondas, foram convidados especialistas nacionais e internacionais, ligados ao mundo dos diamantes e grandes multinacionais que já operam em Angola, nomeadamente Al Rosa, Rio Tinto e Anglo American, entre outras que Angola está a trabalhar no sentido da sua presença no país.

"A todas elas foi feito convite, em alguns casos, quase todos temos respostas afirmativas e depois estamos ainda à espera, porque neste momento temos ainda três semanas praticamente do início desse evento", referiu.

Segundo Jânio Correia Victor, foram enviados convites a algumas distintas personalidades do sector mineral de vários países vizinhos, nomeadamente Namíbia, Botsuana, República Democrática do Congo, além de representantes máximos de empresas que colaboram com Angola na exploração, lapidação e comercialização de diamantes.

"Muitos já confirmaram, senão a maioria, os outros estão em processo de confirmação, mas o que podemos afirmar neste momento é que a nossa conferência estará recheada de atores tanto a nível nacional como internacional que têm a ver com os diamantes", referiu o governante angolano.

O programa prevê para o primeiro painel uma abordagem sobre a investigação geológica mineira de Angola, com enfoque para os diamantes e a situação da indústria diamantífera no país, para o segundo painel a exploração angolana de diamantes, no terceiro a lapidação de diamantes, no quarto painel a comercialização e mercado mundial de diamantes, no quinto a inovação tecnológica e logística da indústria diamantífera, e no sexto painel o financiamento de projectos diamantíferos.

No segundo dia, a conferência vai dedicar-se ao tema da responsabilidade social e a uma breve visita ao Polo de Desenvolvimento Diamantífero de Saurimo.

O secretário de Estado para os Recursos Minerais destacou a importância da realização deste evento numa altura em que o país atravessa "momentos críticos", que se agudizaram com a pandemia de covid-19, para promover este produto nacional.

"Isso não significa que temos que ficar parados. Temos que promover e fazemo-lo não com recursos do tesouro, mas com recursos próprios das empresas, que vão financiar esta actividade. Porque é do nosso interesse, do país, que nós mostremos e darmos a conhecer de facto o que é que significa o diamante angolano, quais são as suas valências", salientou.

Sobre os custos do evento, o presidente do conselho de administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), José Ganga Júnior, disse que não está ainda definido o orçamento final, mas indicativamente apontou o valor de cerca de 300 milhões de kwanzas (429 mil euros) comparticipados pelas empresas e participantes.

Angola ainda longe de lapidar localmente 20% dos diamantes que produz

A lapidação de diamantes em Angola continua ainda aquém dos 20% pretendidos, variando entre 1% e 3%, com perspectivas de vir a triplicar até 2022, com novos investimentos nessa área, informou hoje fonte do sector

De acordo com Jânio Correia Victor, a lapidação de diamantes, um tema a ser desenvolvido na conferência, "é muito importante para o país", salientando que a actividade está a ser feita em Angola já com alguma sequência.

"Neste momento temos já algumas fábricas sobre lapidação, tanto em Luanda como no Saurimo, no Pólo de Desenvolvimento Diamantífero, que se encontram a trabalhar maioritariamente com pessoal jovem angolano", disse.

Jânio Correia Victor frisou a necessidade de se agregar valor a esta matéria-prima, "algo que em tempos recuados não se fazia".

"Uma boa parte do nosso material era exportado de forma bruta - em parte ainda é exportado, porque somos um país exportador -, mas nós temos como meta, segundo a nossa política de comercialização de diamantes, que até 20% do diamante produzido em Angola seja lapidado cá", referiu.

Por sua vez, o presidente do conselho de administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), José Ganga Júnior, disse que a lapidação de diamantes local ainda é insuficiente, realçando que continua a haver muito espaço de investimento nesta actividade.

"Pelo menos, nós gostaríamos que 20% da nossa produção bruta fosse lapidada aqui internamente, mas estamos efectivamente muito longe disso", salientou.

Segundo José Ganga Júnior, a lapidação é um ramo da actividade que é milenar, como o caso particular da Índia, lembrando que em algumas visitas àquele país foram encontradas mais de 200 mil pessoas dedicadas à lapidação exclusivamente de diamantes de Angola.

"Se não desse dinheiro naturalmente ninguém se colocaria nela. Agora falar já de índice de rentabilidade, tudo depende das características, da qualidade dos diamantes, mas não temos dúvidas, pelo menos nos projectos em que estamos a entrar agora na lapidação, temos estado em termos de estudo de viabilidade a considerar taxas de rentabilidade na ordem dos 20%", informou.

Já o presidente do conselho de administração da Sociedade de Comercialização de Diamantes (Sodiam), Eugénio Bravo da Rosa, reiterou que Angola ainda está "muito longe" de lapidar localmente 20% dos diamantes produzidos.

"O caminho a percorrer é longo para chegarmos a esse nível, mas não temos outra alternativa que não seja fazer o caminho caminhando, e é o que temos estado a fazer. Até 2019, tínhamos apenas uma fábrica de lapidação, depois dessa data surgiram em Luanda mais três e agora em Saurimo também mais três fábricas de lapidação e um sector de formação", afirmou.

Eugénio Bravo da Rosa salientou que com este incremento verificado a nível do sector da lapidação foi triplicada a força de trabalho existente.

"Criamos mais oportunidades de emprego, quer em Luanda quer em Saurimo, e temos estado a formar jovens angolanos para que eles conheçam de A à Z aquilo que são as técnicas de lapidação. Com esse objectivo de formação pretendemos ter condições para que a curto, médio prazo os níveis de lapidação em Angola aumentem consideravelmente", considerou.

"Nós falamos em percentagens que variam entre um, dois, 3%, no máximo, se triplicarmos a força de trabalho creio que nos próximos anos estaremos em condições de termos percentagens mais significativas, embora ainda muito abaixo dos 20%, que é quantidade de diamantes que está destinada para lapidação no país", acrescentou.

O presidente do conselho de administração da Sodiam salientou que, em 2020, por força da pandemia de covid-19, apenas uma fábrica funcionou a 100%, condição melhorada este ano.

"No entanto, creio que só a partir de 2022 é que nós vamos começar a ter de facto o impacto deste investimento todo que tem sido feito em Luanda e em Saurimo, principalmente, no Pólo de Desenvolvimento Diamantífero, em termos de lapidação, criação de valor, criação de emprego", indicou.

Neste momento, estão em construção mais três fábricas de lapidação, prosseguiu o responsável, informando que há ainda espaço no polo para a integração de mais investimentos, mais fábricas de lapidação, realçando que o ramo da joalharia é um dos segmentos pelos quais é preciso que se evolua.

País produziu já este ano sete dos 9,1 milhões de quilates de diamantes que se propôs

Angola produziu, até setembro deste ano, pouco mais de sete milhões de quilates de diamantes, dos 9,1 milhões programados, cuja comercialização ultrapassou já mil milhões de dólares (862,5 milhões de euros), anunciou hoje o presidente da diamantífera angolana.

Segundo José Ganga Júnior, todas as empresas mineiras estão a trabalhar para se atingir o objectivo de produção de 9,1 milhões de quilates de diamantes, salientando que apesar da pandemia regista-se um aumento no volume de actividades das diamantíferas.

"Estamos a trabalhar exactamente para cumprir este objectivo, não obstante as adversidades que temos desde o ano passado, em que tivemos que reduzir algumas operações mineiras, mas conseguimos resistir", disse José Ganga Júnior, que falava numa conferência de imprensa, promovida pelo Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, para anunciar a realização da I Conferência Internacional de Diamantes de Angola, que terá lugar em Saurimo, capital da província da Lunda Sul, entre 25 e 27 deste mês.

José Ganga Júnior referiu que todas as empresas de mineração de diamantes estão a trabalhar e gradualmente a aumentar o volume de actividades.

O responsável recordou o lançamento de dois novos projectos mineiros e salientou que a empresa está a trabalhar "para melhorar os que hoje funcionam com alguma debilidade, nomeadamente o antigo Luó e Camútue", entretanto reestruturados e que já se encontram "numa fase de crescimento".

"Pensamos que sim, que vamos cumprir com o nosso programa de atividades", sublinhou.

O presidente do Conselho de Administração da Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam), Eugénio Bravo da Rosa, disse à agência Lusa, sem avançar o valor já arrecadado este ano com a comercialização de diamantes, que foram já ultrapassados os mil milhões de dólares registados em 2020.