A batalha entre o BCI e o Big One já leva três anos e o Big One diz estar disposto a pagá-la, mas alega que precisa de uma moratória de 10 anos, como reza o contrato, prazo que o banco não quer dar para o pagamento.

Segundo a direcção da Big One, a dívida vai até ao ano de 2034, mas o credor, Banco de Comércio e Indústria, quer que a dívida seja paga antes, alegando ser o Big One um devedor.

Fontes do Big One contaram ao Novo Jornal que deveriam ter começado a pagar a dívida a partir de Julho de 2024, no valor mensal de 60 milhões kz, mas como tiveram a conta bloqueada ilegalmente por um ano pelo banco, exigiram o alargamento do prazo, pedido que não foi cumprido.

"Ao invés dos dez anos, sugerimos 11, daí a "birra" do BCI para connosco", revelam as fontes.

O Novo jornal soube que a loja foi encerrada esta terça-feira, 17, por ordem do tribunal, que nomeou o BCI fiel depositário. O banco quer agora abrir o supermercado com um novo gestor.

Fontes do Novo Jornal ligadas ao processo asseguram que o novo gestor do Big One será o grupo Carrinho. Alguns funcionários da loja asseguram que dirigentes deste grupo já mantiveram contacto com os trabalhadores e asseguraram a continuidade dos postos de trabalho.

Entretanto, o Grupo Carrinho, diz não ter interesse de ficar com o Big One.

O gabinete de comunicação do grupo Carrinho disse ao Novo Jornal que o problema é entre o banco e o Big One e que não há nenhuma ligação da Carrinho ao processo.

"O grupo Carrinho é apontado pelo facto e ser o dono do BCI, mas, mais do isso, não há nenhuma ligação nem interesse de abrir-se aí uma loja", refutou.

Entretanto, fontes do Big One, que solicitaram anonimato, descrevem que se trata de perseguição de pessoas que querem a todo o custo ficar com o edifício onde está situado o supermercado e que estas pessoas estão a influenciar outras instituições bancárias a não concederem empréstimo ao Big One.

"Trabalhamos com o BCI há 35 anos, sempre pagámos as nossas dívidas. Alguém do BCI que pertence à Carrinho, que está no negócio, quer pôr a "loja Esquebra" no Alvalade para ter notoriedade", descreveu a fonte que solicitou anonimato.

Segundo a fonte, não voltaram a ser ouvidos pelo tribunal, que ditou novamente a penhora a favor do BCI.

"Não é possível numa sentença as partes não serem ouvidas. O tribunal só está a mandar fechar por ordem de alguém e isso não se faz em parte alguma do mundo. Estão a ganhar o processo na secretaria e isso é um cúmulo", lamenta este alto responsável do supermercado.

Importa lembrar que o supermercado Big One Angola foi encerrado pela primeira vez a 17 de Dezembro, por ordem judicial, mas passado três dias e igualmente por ordem do tribunal voltou a ser reaberto, como noticiou o Novo Jornal no dia 21 daquele mês.