O problema está, principalmente, embora fenómenos como o apagão na Península Ibérica, muito porque ainda não se sabe o que é deixou 60 milhões de pessoas às escuras na segunda-feira, 28, contribuam, na desconfiança emergente entre os investidores.
E a razão é simples, os danos que as tarifas possam provocar à China terão sempre um refluxo na economia norte-americana, deixando feridas as duas maiores economias mundiais e os maiores consumidores de crude em todo o globo.
Essa a razão para que o barril de Brent, a referência maior para as ramas exportadas por Angola, estivesse esta terça-feira, 29, perto das 13:00, hora de Luanda, a intensificar as perdas afundando-se no vermelho vivo dos 64 dólares, caindo para os 64,70, menos 1,62% que no fecho da sessão anterior.
Em pano de fundo está, como bem se sabe, a luta de gatos entre norte-americanos e chineses sobre a questão tarifaria criada por Trump, que, apesar de já ter recuado, pelo menos verbalmente, parece não convencer Pequim, que já garantiu estar apenas interessados em actos e não intenções.
O que, como nota a Reuters, citando um analista de mercados, "está a gerar ansiedade" entre os investidores e a impactar negativamente as perspectivas de crescimento no consumo estimadas por organismos relevantes como a própria OPEP+ ou a AIE.
Paralelamente a este fenómeno financeiro, o apagão na Península Ibérica, que gerou disrupções de vária ordem, reduzindo, por exemplo, o consumo de combustíveis, ou ainda uma paragem forçada nas refinarias de Espanha e Portugal, também contribuiu para a sombra pessimista.
E a corroer em permanência o valor do crude está ainda a insistência das agências especializadas, como a Reuters, na citação de fontes da OPEP+, que agrega os países exportadores (OPEP) e a Rússia e aliados, sobre um aumento substancial da oferta em Junho, de acordo com o plano traçado pelo cartel desde 01 de Abril.
Inicialmente com mais 138 mil bpd, depois 411 mil e em Junho um valor ainda mais robusto é agora esperado, o que, no presente contexto global, dificilmente tal medida poderia ser mais danosa para a matéria-prima e especialmente para as petrodependentes economias mais débeis, como a angolana.