Com o Médio Oriente a revelar-se como uma das geografias a merecer maior atenção por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), especialmente depois de o Irão ter actualizado os seus números, com 19 mortos em pouco mais de 120 casos, revelando uma taxa de mortalidade muito superior à média global, 16% contra 2,2%, e ainda o Kuwait e o Bahrain, ou ainda os EUA e a Europa a fazer face a situações de alerta e emergência, os mercados petrolíferos estão a reflectir o medo entre as maiores economias planetárias.
Hoje, cerca das 11:00, o barril de Brent de Londres estava a valer 53,53 USD, menos 1,35% que no fecho da sessão anterior, sucedendo o mesmo no WTI de Nova Iorque, com uma queda de mais de 1,7 por cento, para os 49 USD por barril.
Um bom indicador dos efeitos desta pandemia no mundo é o que sucedeu na segunda maior economia planetária, a China, onde tudo começou, em Dezembro, na cidade de Wuhan, província de Hubei, que, em cerca de dois meses, passou a importar menos 20 por cento do petróleo face ao mesmo período do ano passado, sendo que com uma média de importações de 13,5 milhões de barris por dia, é o maior importador do mundo, garantindo, por isso, um impacto significativo no sector.
Com esta realidade marcada por altos e baixos em curtos espaços de tempo, não será de imediato que o Governo angolano vai optar por uma revisão do OGE, mas, como admitiu o ministro dos Petróleos, Diamantino Azevedo, se a situação se mantiver com o barril abaixo dos 55 USD, esse movimento será inevitável pela necessidade de adequar os gastos às receitas.
Face a esta realidade, a Goldman Sachs, ma das maiores casas financeiras do mundo, já reviu em baixa o aumento da procura de petróleo para 2020, passando de 1,2 milhões de barris por dia para metade, ao mesmo tempo que perspectiva uma média anual do valor do barril de Brent de 63 para 60 USD, o que, a confirmar-se, estabelece uma margem de manobra relevante para as finanças angolanas.
No entanto, sendo um dos mais voláteis sectores, o mercado petrolífero tem como particularidade um potencial significativo para responder em baixa ou em alta de força acelerada, como sucedeu na passada semana, quando pequenos sinais de retrocesso na progressão do Covid-19 na China, a par do anúncio de medidas por parte da OPEP + Rússia (OPEP+) levou a um retomar dos valores em alta.
Alias, o ministro saudita da Energia, Abdulaziz bin Salman, disse que a OPEP+, que agrega os membros do cartel e não-membros como a Rússia ou o México, entre outros 11 países produtores, vai ser capaz de responder com novos cortes e a extensão do actual programa de cortes para reequilibrar os mercados.
Recorde-se que, actualmente, e pelo menos até Junho, a OPEP+ está a tirar de circulação cerca de 1,2 milhões de barris por dia, incluindo 400 mil extra por parte da Arábia Saudita, e no encontro previsto para a próxima semana, deverão ser anunciadas novas iniciativas e cortes.