Em comunicado, a Sonangol informa que a parceria com a Seadrill, empresa de acção global, com mais de 4.500 trabalhadores espalhados pelo mundo, com sede nas Bermudas, operada em Londres, Reino Unido, e criada em 2005 por um norueguês, terá uma divisão de quotas igual, 50% para cada uma das partes.

A Seadrill vai colocar na Sonadrill dois navios e a parte angolana, que é representada nesta parceria pela Empresa de Serviços e Sondagens de Angola - ESSA, entra neste negócio com os dois navios-sonda que a Sonangol possui, o "Sonangol Libongos" e o "Sonangol Quenguela".

Estes dois equipamentos, acabados de construir entre 2014 e 2015 nos estaleiros sul-coreanos da DSME (Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering), num contrato de cerca de 1.2 mil milhões USD, firmado em 2013, ainda não foram entregues devido a prolongados e conhecidos problemas com o pagamento acordado nas que, como informa agora a Sonangol, foram ultrapassados nos derradeiros dias de 2018, o que permitiu a confirmação desta parceria com a Seadrill.

O impasse entre a DSME e a Sonangol acabou, recorde-se, por ser ultrapassado com os sul-coreanos a aceitarem um desconto substancial de quase 400 milhões de dólares sobre o valor inicial do contrato, que, recorde-se, foi assinado quando a petrolífera nacional vivia momentos altos, em 2013, com o barril a valer mais de 100 USD, mas cujo pagamento teria de ser concluído numa fase de forte depressão do mercado petrolífero, com destaque para meados de 2014, onde o barril iniciou uma forte derrapagem que acabou à beira dos 30 USD no início de 2016.

A DSME, por causa das falhas de pagamento da Sonangol, esteve mesmo em situação de pré-falência, tendo sido o gigante asiático da construção naval salvo no último minuto com uma intervenção de emergência por parte de um banco estatal coreano, com a acção directa do Governo de Seul por detrás.

Esta parceria, que resultou na constituição da Sonadrill, terá uma duração mínima de cinco anos, e surge no âmbito dos esforços do Governo angolano para aumentar a produção nacional de petróleo.

Isto, numa fase em que o país observa um declínio acentuado da produção devido à falta de investimento na pesquisa e manutenção de infra-estruturas por causa da crise provocada pelas quedas acentuadas do valor do barril a partir de meados de 2014, quando as multinacionais a operar nos mares de Angola começaram a colocar a sua actividade em "stand by".

Alias, a Agência Internacional de Energia (AIE) alertava em Março de 2018 para a forte probabilidade de Angola ver, num prazo de cinco anos, se não fossem feitos avultados investimentos rapidamente, a sua produção descer, até 2023, para de 1,29 milhões de barris por dia, substancialmente menos que os actuais cerca de 1,45 milhões.