Uma década e meia após os ataques ao World Trade Center, as torres gémeas no coração de Nova Iorque e símbolos do poder económico norte-americano, e ao Pentágono, edifício onde Washington desenha a geometria do seu poder militar no mundo, longe vão os anos a seguir aos atentados em que eram horas a fio dedicadas pelas televisões mundiais ao que foi, de facto, o início de uma guerra sem calendário para acabar com o terrorismo de origem radical islâmica.

A atenção dos media mundiais apostam agora, 15 anos passados, com excepções, na facilidade de marcar a data (efeméride) com as declarações de Barack Obama, proferidas ontem, dia anterior a mais um aniversário do mundialmente conhecido 9/11, onde este aproveita para dar umas bicadas em Donald Trump.

Neste discurso, que já não é aguardado com a expectativa de outros tempos, Obama trouxe nova luz ao momento, sublinhando que os "americanos" devem manter-se fieis aos valores que o país proclama e diz defender, contrariando o "enclausuramento" proposto pelo candidato republicano que vai disputar as eleições presidenciais em Novembro, com Hillary Clinton, a democrata apoiada por Obama.

Mas se o 9/11 já não incendeia as emoções do mundo como antes, as suas consequências são ainda a causa das mais ríspidas tragédias ligadas ao terrorismo, porque, na verdade, esta é a data de outra página histórica no calendário da humanidade: o início de uma guerra sem fronteiras, sem inimigos definidos de forma cabal, sem territórios e sem tréguas, marcada ainda por princípios que não respeitam, nem de perto nem de longe, os tratados internacionais que, apesar de tudo, ainda condicionavam os actos de guerra.

É o tempo para a guerra das imagens de carros, camiões e pessoas a explodir de Paris a Bagdade, de Bruxelas a Ouagadougou... e onde não há regras, dificilmente haverá um fim para as hostilidades.

É por isso, é por saber disso, que Barack Obama, no seu discurso de ontem, retomou as garantias de que o "terrorismo vai ser derrotado de forma definitiva", mas não apontou datas.

uNem podia. Apenas lembrou que Al-Qaeda sofreu já muitos reveses, como o da morte de Bin Laden, no Paquistão, e o Daesh (Estado Islâmico), troca de lideres mais rápido que nunca porque vão sendo mortos uns atrás dos outros, da Líbia ao Iraque, da Síria à Indonésia...

Na proporção da memória onde se vão desvanecendo as imagens dos aviões a embater nas torres do WTC, ou a enfiar-se numa das laterais do Pentágono, por entre uma miríade de teses que apontam para as mais diversas conspirações, algumas delas negando mesmo que algum avião se tenha efectivamente despenhado, outras imagens vão ganhando esse espaço: as dos mortos nas ruas de Paris ou de Nice, nos hotéis de Bamako ou de Ouagadougou, não deixando de lembrar a tragédia na universidade queniana de há dois anos.

E é este novo terrorismo que as potenciais mundiais garantem que querem erradicar de vez, de Vladimir Putin (Rússia), apostado em "limpar" a Síria, a François Hollande (França), continuando a enviar os seus bombardeiros e porta-aviões contra os cintos de explosivos de miúdos sem futuro das ruas de Damasco ou Alepo, de Bagdade ou de Istambul, ou, como se sabe, Barack Obama... que garante que os EUA vão por um "the end" ao terror, só não sabe o tempo de duração do filme.

Mas há um tema ao qual todos fogem e para o qual faltam as adequadas respostas: quem financia estas estruturas do terror?

Para já sabe-se que o 9/11 fez cerca de três mil mortos... as guerras subsequentes a estes ataques deixaram um rasto de morte ao qual ninguém consegue apontar uma medida... mas os dados mais realistas sobre a Síria, como um mero exemplo, apontam para cerca de meio milhão de mortos...