O Presidente norte-americano foi a um dos programas televisivos mais famosos em todo o mundo, o "60 minutos", da CBS, dizer que Vladimir Putin e Xi Jinping são dois "durões" como não há e possuem uma inteligência rara, que lhes permite manter uma conversa com ele sem "fazer conversa mole".

Donald Trump diz que com Xi e Putin não acontecem aquelas conversas preambulares sobre o clima, "está um lindo dia de sol", porque, como "líderes muito fortes" não permitem nem vale a pena estar a "tentar ludibriá-los" e nem sequer vê diferenças entre um e outro: "São ambos duros e espertos".

"São ambos duros e ambos espertos, líderes muito fortes. São pessoas com quem não se pode brincar, são pessoas que têm de ser levadas muito a sério porque nem um nem outro alinham em conversas ligeiras", explicou.

Apesar de manter diferendos pesados com Putin, especialmente sobre a questão ucraniana, e agora com a questão do desenvolvimento de novas armas nucleares, e com Xi, com ênfase na guerra comercial e de tarifas, Trump disse ter relações boas e sólidas com ambos.

Elogiou o acordo centrado nas "terras raras" com a China, país que domina 90% do comércio mundial destes minerais essenciais para as indústrias 2.0, e voltou a sublinhar que quanto a Putin, nada haveria de rugoso não fora a guerra que o seu antecessor permitiu e que com ele "nunca teria acontecido".

Disse ainda na mesma entrevista que, tal como com a China, com a Rússia também será através de acordos comerciais que surgirá uma solução na Ucrânia, porque "Putin quer fazer muito dinheiro em negócios da Rússia com os Estados Unidos".

Mas a agulha mudou quando a entrevistadora do "60 Minutos" o confrontou com a questão da Venezuela, para cujas costas no Mar das Caraíbas os EUA enviaram uma poderosa armada, que inclui porta-aviões, e deslocou para Trinidad e Tobago dezenas de aviões de guerra, sob pretexto de atacar o narcotráfico venezuelano que passa por derrubar o Governo de Nicolás Maduro, como a Casa Branca já admitiu.

Porém, agora, nesta entrevista, mesmo depois de ter dito que todas as opções estavam em cima da mesa, recusou calendarizar uma intervenção contra o regime venezuelano, mas advertiu que o Presidente Nicolás Maduro "tem os dias contados".

A Venezuela, tal como agora a Nigéria (ver aqui) estão sob a mira das armas norte-americanas, mas faltou a Trump explicar como é que vai conseguir acabar com "os dias" do Presidente Maduro, a quem os EUA acusam de ser líder de um cartel de narcotráfico, tendo já destruído várias embarcações com alegados carregamentos de cocaína que Caracas nega e acusa Trump de estar a matar pescadores e pessoas que nada têm a ver com drogas.

Esta entrevista surge num momento em que a conhecida oposicionista e a mais polémica Nobel da Paz de sempre, Maria Corina Machado, ter vindo a público defender uma invasão norte-americana do seu próprio país para conseguir mudar o regime para ela assumir o poder pela mão de Donald Trump.

Apesar da forte presença naval na costa venezuelana, Trump recusou voltar a confirmar que está em curso a preparação de um ataque a Caracas.

Mas esta alteração, pelo menos publicamente, de posição, pelo menos coincide com as suas palavras sobre o quão duros e inteligentes são Xi e Putin, num contexto em que se soube que a China e a Rússia têm estado a enviar aviões pesados de carga para a Venezuela, alegadamente com equipamento militar, incluindo sistemas anti-aéreos, radares e peças e técnicos para recuperar a força aérea da Venezuela, assente em aparelhos russos, com destaque para dezenas de SU-30 e cerca de 20 F-16 norte-americanos.

Maduro criticou veementemente esta preparação para a guerra dos EUA, já disse a Trump que se quiser negociar sobre as suas gigantescas reservas de crude, está disponível e confessou ter pedido ajuda a Moscovo e Pequim, e também ao Irão para se defender das pretensões norte-americanos para o derrubar, com base nas parcerias de Defesa que Caracas tem com estes países.