"Pelo menos 40.000 empresas foram afectadas por saques, queimadas e vandalismo na região de Kwazulu-Natal (KZN"), afirmou, em declarações à imprensa, o ministro Khumbudzo Ntshavheni, responsável pela pasta das pequenas empresas.

Em termos económicos, o governo estima que a violência custará à economia 50 mil milhões de rands (3,4 mil milhões de dólares).

Só na região de Kwazulu-Natal, 161 centros comerciais sofreram "danos graves" e pelo menos 1.400 ATM (caixas multibanco) foram vandalizadas, bem como 300 bancos e estações de correios, e 90 farmácias foram destruídas, "sem qualquer possibilidade de reconstrução", uma vez que o país sofre uma nova onda de Covid-19, disse o ministro.

Isto só na região de Kwazulu-Natal, porque na região de Gauteng, onde se situa Joanesburgo, o governo ainda está a avaliar os danos.

Mas, segundo o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, citado pela Lusa, "não há praticamente nenhum sector económico que tenha sido poupado pela violência".

As duas regiões mais afectadas são responsáveis por metade do PIB do país (produto interno bruto).

Ramaphosa admitiu também que o seu governo "não estava suficientemente preparado" para a violência, que parecia estar atenuada, não tendo sido comunicados novos incidentes desde segunda-feira.

A África do Sul, onde se assinalaram, em Junho, os 30 anos do fim do Apartheid, e que se encheu de esperança com a chegada de Mandela ao poder, vive há largos anos uma profunda crise económica e social, agravada pela corrupção e uma alta taxa de criminalidade. As fortes desigualdades no país que a pandemia veio acentuar estão na origem destes últimos protestos, que começaram na província oriental KwaZulu-Natal, onde nasceu o antigo chefe de Estado sul-africano Jacob Zuma, após este ter sido detido na sua residência, em Nkandla, na quarta-feira, 07, pelas forças de segurança, para cumprir uma pena de prisão de 15 meses por desrespeito a uma ordem do Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país.

Na sexta-feira, os distúrbios alastraram-se a várias áreas de Joanesburgo, a maior cidade do país, na província de Gauteng, onde se situa também a capital da África do Sul, Pretória, e onde se localizam vários albergues dos Zulus, o maior grupo étnico do país.