As relações entre Niamey e Porto Novo, a capital do Benim, deterioraram-se rapidamente após o golpe militar de Julho de 2023, onde uma Junta Militar destronou o Presidente nigerino Mohamed Bazoum, um velho aliado do Presidente beninense Patrice Athanase Talon.
O Benim é um convicto aliado da França, antiga potência colonial, enquanto o Níger acaba de se juntar aos rebeldes da África Ocidental e do Sahel que cortaram relações com a França, Mali e Burquina Faso, ou que estão num fade out com Paris, como a Guiné-Conacri ou mesmo o Senegal. (ver links em baixo nesta página)
E foi com a separação radical entre Niamey e Paris que o Benim reagiu com uma clara deterioração das relações bilaterais entre estes dois vizinhos, sendo que o Níger, com esta decisão de Porto Novo deixa de ter acesso aos portos marítimos benineses por onde há décadas exporta a maior parte dos seus combustíveis refinados.
O Níger é um pequeno produtor africano de petróleo, pouco mais de 20 mil barris por dia, mas com perspectivas de fazer, muito em breve. crescer estes números para mais de 100 mil com o apoio chinês, o que agora pode ser comprometido devido à incapacidade de exportar por via marítima os seus excedentes.
Com pouco mais para obter rendimentos, este país semidesértico, além das exportações de urânio e crude, as restrições agora impostas por Porto Novo podem ser um desafio à contenção da Junta Militar, encabeçada pelo general Abdourahmane Tiani, que lidera o país desde 29 de Julho do ano passado após um golpe de Estado bem sucedido.
Para já, o Governo militar de Niamey acusa o Benim de estar a violar um acordo bilateral que permitia o uso dos portos beninenses pelo Níger, um país sem acesso directo ao mar que estava habituado a usar o porto de Seme Kpodji, a sul de Cotonou, para fazer chegar os seus combustíveis refinados a países como a Nigéria e a Turquia, além do Mali e Burquina Faso e Chade.
A situação pode ainda ser mais complexa porque o Níger está a preparar-se para se lançar como exportador de petróleo bruto depois de ter conseguido fazer subir a sua produção para 110 mil barris por dia assinando um acordo com a China no valor de 400 milhões USD.
Este acordo permitiu a construção, por empresas chinesas, de um oleoduto de mais de 2 mil kms entre os campos petrolíferos de Agadem e o porto da capital beninense, que agora fica sem efeito, pelo menos até que o problema seja resolvido.
Pressupondo-se que a China já estará a intermediar negociações, porque Pequim tem relações sólidas e profícuas com ambos os países, este problema tenderá a ser ultrapassado em breve, mas se o Benim insistir, porque a isso pode estar a ser pressionado por Paris, devido ao corte de relações estridente com Niamey, então, como admitem analistas, as coisas podem azedar entre os dois vizinhos da África Oriental.
Segundo as agências de notícias, esta decisão de Porto Novo foi motivada por restrições de Niamey à importação de bens produzidos no Benim, tendo este Governo colocado como condição abrir os seus portos ao Níger quando forem levantadas as restrições alfandegárias.
Todavia, os problemas começaram a acentuar-se com as sanções aplicadas pela comunidade de países da África Ocidental (CEDEAO) após o golpe militar no Nìger, levando o Benim a fechar as suas fronteiras.
Porém, estas sanções da CEDEAO já foram levantadas. Mas nem todos os problemas terminaram.