Apesar de quatro dos sete elementos da Comissão Eleitoral se terem recusado a assinar a acta definitiva com os resultados das eleições Presidenciais de 09 de Agosto, a presidente deste órgão, Wafula Chebukati, avançou com o anúncio, o que gerou o caos na sala onde ocorreu a divulgação da vitória de Ruto, até aqui vice-Presidente do Quénia.

A justificação para a recusa de assinar o documento por quatro dos sete elementos da Comissão Eleitoral do Quénia foi divulgada pela vice-presidente da instituição, Juliana Cherera, que alegou terem ocorrido irregularidades na fase final do processo eleitoral, declarando esta fase como "opaca".

Raila Odina, de 77 anos, que é pela 5ª vez consecutiva derrotado em eleições, já declarou o pleito irregular e não aceita o resultado, anunciando desde já o recurso para as instâncias judiciais, o que levou milhares dos seus apoiantes para as ruas de Nairobi e de outras cidades quenianas.

Apesar desta contestação e da anormal circunstância de a maioria do órgão colegial que é a Comissão Eleitoral do Quénia, não ter assinado o documento alegando a opacidade do processo, Wafula Chebukati, a presidente da Comissão, reiterou que a sua decisão de anunciar o vencedor foi limpa e decorrente de um processo eleitoral que garantiu a votação "transparente, livre e justa" dos quenianos.

Tal como sucedeu em 2007, onde o processo eleitoral e pós-eleitoral resultou em violência que se espalhou por todo o país e com um registo de milhares de mortos e de feridos, também agora as ruas da capital, Nairobi, se encheram de apoiantes de Odinga furiosos com a sua "derrota", embora seja previsível que até ao anúncio de uma decisão definitiva por parte do tribunal de última instância, os ânimos não se exacerbem muito mais.

Esta foi das mais renhidas eleições Presidenciais no Quénia, com William Ruto a vencer o seu opositior directo, Raila Odinga, que contava com o apoio do Presidente cessante, Uhuru Kenyatta, por menos de 2%.

O Quénia é um país do Corno de África, na costa do Oceano Índico, com perto de 54 milhões de habitantes.

Tem no turismo e na indústria mineira e transformadora, na agricultura e nas florestas, energia e serviços financeiros as principais actividades económicas que lhe garantiram um PIB de 90 mil milhões USD em 2020, segundo dados do Banco Mundial - Angola foi de 62 mil milhões no mesmo ano e mesma fonte - mas atravessa uma vincada crise económica, gerada em grande parte pela pandemia da Covid-19, que atingiu com estrondo a sua indústria do turismo, uma das mais desenvolvidas em África, e ainda pela guerra na Ucrânia, que levou a uma escalada rugosa do custo de vida.