O oficial do Exército burquinense que passou de simples capitão a chefe máxima das forças armadas e do Estado em manos de uma semana, denominou o novo documento régio do país de Acto Fundamental, que visa garantir a harmonia social e política nesta fase de transição.
Em comunicado lido na televisão estatal, o novo Presidente do Burquina Faso mandou dizer que, enquanto presidente do Movimento Patriótico para a Salvaguarda e Restauração (MPSR) passa a "desempenhar o cargo de Chefe de Estado e Chefe Supremo das Forças Armadas nacionais".
Este cenário de mais uma alteração à ordem constitucional nas barbas da União Africana, depois de o mesmo ter sucedido, nos últimos anos, no Mali, na Guiné-Conacri e no Níger, decorre do golpe realizado a 30 de Setembro, o segundo que o Burkina Faso observa este ano de 2022.
O primeiro foi realizado em finais de Janeiro, também por um oficial, mas nota-se uma descida na hierarquia a liderar os golpistas, porque o primeiro, Paul-Henri Damiba, agora deposto e obrigado a sair do país, para o Togo, era um tenente-coronel.
Tanto um como outro foram golpes de Estado justificados pela extrema violência jihadista em que o Burquina Faso vive na sua região norte, colada ao Sahel, sob constantes ataques dos grupos ligados ao estado islâmico e à al qaeda do Magrebe.
Nos últimos dois anos foram registados milhares de mortos e feridos e milhões de deslocados.
Um dos mais violentos episódios dos últimos meses, noticiado aqui pelo Novo Jornal, ocorreu em finais de Setembro e soube-se agora que fez um total de 37 mortos, dos quais 27 soldados que faziam a guarda a uma caravana de veículos que levavam bens alimentares para uma região do norte sob permanentes ataques dos grupos de guerrilheiros islâmicos.