Esta mortandade ocorreu na segunda-feira, no norte do país, estando confirmados 12 soldados mortos e pelo menos 50, entre militares e civis, estão dados como desaparecidos num dos mais violentos ataques a uma coluna militar em meses neste turbulento país da África Ocidental.
Esta coluna de veículos escoltada por militares do Exército burquinense tinha como destino o norte do país e transportava viveres de natureza diversa para as localidades situadas na região do Sahel, uma das mais sujeitas à acção guerrilheira em toda a África Ocidental.
O ataque, segundo o Governo de Ouagadougou, teve lugar na região de Soum, próximo de Gaskinde, um território sob domínio armado de guerrilheiros islâmicos radicais próximos da al-qaeda do Magrebe e do estado islâmico, que desde 2014/15 têm transformado o Burkina Faso num caldeirão de morte e violência.
Este ataque resultou ainda em perto de 30 feridos, alguns com gravidade, na sua maior parte militares, estando ainda confirmada a destruição de cerca de 60 camiões carregados com mantimentos e materiais diversos.
O Burkina Faso é um dos vários países da África Ocidental que vive num turbilhão de instabilidade político-militar, a par da Guiné-Conacri, Níger, Gâmbia, Guiné-Bissau, Mali... com sucessivos golpes e tentativas de golpes de Estado.
Em Ouagadougou, em 2015, o tenente-coronel Sandaogo Damiba tomou o poder com a justificação de controlar a actividade dos grupos armados que fervilhavam no país, o que levou os radicais islâmicos do isil e da al-qaeda a procurar conquistar posições estratégicas, com ligação aos vizinhos igualmente tempestuosos Mali e Níger, numa luta permanente que dura até hoje, marcada vincadamente por ataques terroristas que desde então já provocaram milhares de mortos, feridos e deslocados.
Esta coluna, protegida por militares tinha, precisamente, como destino uma região onde milhares de civis vivem em aldeias cercadas ou sob ameaça dos grupos armados de cariz islâmico e radicais, sendo a robusta protecção militar a única forma de ali fazer chegar bens essenciais, mas com elevado risco de ataques extremos, como este.
Actualmente, o Burquina Faso é, a par do Mali e do Níger, a linha da frente da guerra global contra o terrorismo islâmico, com a presença de unidades militares da ONU, que, perante algum sucesso, mesmo que limitado, têm conseguido empurrar estes guerrilheiros islâmicos radicais para outras paragens, como é o caso do leste da RDC, onde o isis conseguiu já controlar a Aliança das Forças Democráticas (ADF) um grupo de guerrilha violento que actua no leste congolês, especialmente nos Kivu Norte e Sul, mas com origem no Uganda, em meados da década de 1990.
Este avanço do islão radical armado para a África Central é uma nova dor de cabeça para os governos africanos dos Grandes Lagos, que incluem Angola, actualmente a dirigir a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), e os bispos católicos congoleses da CENCO deixam mesmo um alerta com estrondo para o risco de perdsa do controlo regional para este tipo de organizações de cariz islâmico extremistas