O tribunal internacional com sede em Haia, nos Países Baixos, que nos últimos anos ganhou maior notoriedade por ter emitido mandatos de captura para o Presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyhau, é, apontam estes três países africanos, uma "ameaça à (sua) soberania".
As três capitais, Ouagadougou, Bamako e Niamey, anunciaram esta decisão através de uma declaração conjunta onde denunciam a parcialidade do TPI, insistindo especialmente na selectividade das suas decisões ao serviço do "imperialismo" ocidental.
De acordo com este documento, o TPI "mostrou-se incapaz de lidar e perseguir criminosos de guerra e contra a Humanidade, genocídio ou de agressão sem olhar a quem fazendo apenas justiça".
Para isso, reforçam a ideia de que é "inexplicável e desconcertante a forma como perpetuam o silêncio" sobre um conjunto de situações enquanto se aplicam na acusação noutras circunstâncias", nomeadamente em África e na Ásia, protegendo sempre um "circulo privilegiado de impunidade internacional" naquilo que é uma alusão clara aos EUA e alguns países europeus.
Este grupo de países que foram palco de golpes de Estado militares, derrubando Governo corruptos, pelo menos na justificação então avançada pelas respectivas Juntas Militares, ou incapazes de combater os radicais e terroristas islâmicos na região, apontam o dedo ainda às organizações internacionais que não defendem os "oprimidos" sendo disso exemplo a CEDEAO, organização regional da África Ocidental, da qual também saíram por razões semelhantes de discriminação.
Estes três países, que entretanto se organizaram numa denominada Aliança de Estados do Sahel, depois de cortarem relações com a França (ver links em baixo) e, em grande medida, também com os Estados Unidos, criaram laços preferenciais com a Federação Russa, mas também com outros países, como a China, nomeadamente na segurança e comércio.
Apesar de inicialmente terem, em conjunto, garantido períodos de transição para a realização de eleições livres e democráticas, nenhum deles ainda deu esse passo, sendo o que há mais tempo está em falha com o prometido pela sua Junta Militar é o Mali.