Já esta manhã, as contas eram simples de fazer, como se pode verificar no quadro que o The Guardian tinha na sua front page, onde dos 435 lugares em disputa para a Casa (ou Câmara) dos Representantes, e quando estavam definidos 366 lugares, os Democratas de Joe Biden somavam 166 e os Republicanos de Donald Trump tinham fechado 198, mas no Senado, onde dos 100 lugares existentes, mas com apenas um terço a ser disputado nestas eleições intercalares, os Republicanos tinham conseguido 47 e os Democratas 48, sendo precisos 51 para a maioria que permite controlar a câmara alta do Congresso dos EUA.

O Congresso (Parlamento) é composto por duas câmaras, a alta, o Senado, onde se sentam 100 senadores (um terço está a ser disputado nas urnas), e os Representantes, onde existem 435 lugares (todos em disputa), sendo que nas eleições desta terça-feira, que se realizam sempre a meio do mandato Presidencial de quatro anos, é no Senado que os olhos do mundo estão postos, porque nos Representantes, embora com menos estrondo do que se esperava, o partido de Donald Trumpo deverá ganhar.

Até esta terça-feira, os democratas controlavam as duas câmaras, o Senado por apenas um lugar, e os Representantes igualmente por uma ligeira diferença.

Como se sabia poder acontecer, no Senado, e quando tudo estiver fechado, vai-se perceber que por um lugar se perde e por um lugar se ganha, e esse lugar que poderá dar uma vitória aos Democratas, conta a vitória importante e inesperada, do democrata John Fetterman, na Pensilvânia, derrotando Mehmet Oz, apoiado por Trump e uma estrela da TV nos EUA pelos seus programas de medicina, revigorando as possibilidades de Joe Biden ter os seus homens à frente desta decisiva câmara alta do Capitólio.

A Pensilvânia era um dos estados decisivos nesta corrida eleitoral e um dos que é considerado como balanceador da vitória, sendo aquele onde Joe Biden se deslocou mais vezes em campanha, demonstrando assim a importância que lhe foi conferida por ambas as campanhas, visto que também Donald Trump ali esteve com grande aparato festivo em campanha pelo "Dr Oz".

E com este resultado, Fetterman pode muito bem ser aquele lugar especial que permitirá aos democratas afirmar que com este lugar se ganha, sem esse lugar, os republicanos perderam o Senado. Mas ainda falta contar alguns votos para que tal possa acontecer.

Se se confirmar que os democratas mantêm o Senado, embora perdendo a Câmara dos Representantes, Joe Biden pode bem ser o vencedor inesperado destas eleições, dando novo vigor à sua intenção já afirmada de se recandidatar ao cargo em 2024, ao mesmo tempo que inflige um ataque que pode ser demolidor a Donald Trump, que já disse que vai oficializar a sua candidatura à Casa Branca na próxima terça-feira, 15, embora esse anúncio tenha surgido envolto em sondagens que o beneficiavam largamente e que, agora, se estão a revelar como tendo sido um tanto ou quanto exageradas face aos resultados já apurados.

E a Pensilvânia pode muito em ter sido o palco dos horrores para Trump, porque, além de Fetterman ter saído vitorioso para o Senado, para os Representantes, Doug Mastriano, uma das caras mais salientes da estratégia de Trump para reverter na secretaria a derrota de 2020, acaba de perder a sua reeleição contra o democrata Josh Shapiro.

Embora esta vitória não seja decisiva para o controlo da Câmara dos Representantes, pode muito bem ter uma importância simbólica e pesada no conjunto da estratégia de Trump para preparar a corrida à Casa Branca em 2024, onde procura a vingança por ter sido derrotado ao fim de um mandato, o que fez dele um dos poucos Presidentes a não conseguir a recondução em décadas, uma humilhação que não esqueceu... nem vai esquecer.

Nenhum dos dirigentes de topo de um e de outro partido se tinha pronunciado sobre estas eleições até às 10:00, hora de Luanda, embora Nancy Pelosi, até aqui lider dos Representantes peloss democratas, deixou sair uma frase curta nas redes sociais onde diz que o seu partido se está a aguentar melhor do que muitos antecipavam.