A informação foi avançada perto das 19:25, hora de Luanda, perto de sete horas após o início do tiroteio, pelo ministro português dos Negócios Estrangeiros, que, em declarações à televisão portuguesa RTP, em Lisboa, disse estar na posse dessa informação.

Augusto Santos Silva não explicou a fonte da informação de que o Presidente Embaló já estaria de volta a casa mas avançou que esteve a falar com a sua homologa guineense, ministra de Estado dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e das Comunidades, Suzi Barbosa, para se inteirar da situação em curso e saber da comunidade lusa naquele país..

O governante português não deu qualquer informação sobre o paradeiro do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, que a Lusa, numa notícia igualmente do final da tarde de hoje, terça-feira, dizia que estava em parte incerta.

Isto, depois de se saber que um grupo de militares entrara cerca das 17:20 locais, mais umaem Luanda, no palácio governamental guineense, em Bissau, e ordenou a saída dos governantes que estavam no edifício, atacado esta terça-feira numa tentativa de golpe de Estado.

Segundo fonte governamental, "cerca das 17:20 os militares chegaram ao Palácio do Governo e disseram aos membros do Governo para saírem" e o local ficou apenas com militares, acrescentou a mesma fonte, indicando desconhecer o paradeiro do primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, e do Presidente, Umaro Sissoco Embaló, sendo que este último já se sabe estar em casa.

Quando começou o ataque, no decurso do Conselho de Ministros de hoje, alguns membros do Governo conseguiram fugir por um muro de vedação nas traseiras do palácio e confirmaram à Lusa que estão em segurança.

Depois de forte tiroteio junto do Palácio do Governo pela hora do almoço, e depois, a meio da tarde, soube-se que se tratava de uma invasão do espaço do Conselho de Ministros por tropa sem farda mas fortemente armada.

Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas, com confirmação oficial, mas as redes sociais estavam a avançar que havia vários mortos na sequência do tiroteia, rajadas de espingarda automática e bazuca, ou RGP"s,

Não há informação sobre qualquer estrangeiro apanhado no fogo cruzado,

SG da ONU exige respeito pela ordem constitucional - CEDEAO também

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, que, enquanto chefe do Governo português acompanhou de perto o conflito de 1998/99, sabendo bem, por isso, o risco gigantesco de uma avalanche de violência étnica neste pequeno país com 32 etnias, já se apressou a pedir que as partes parem rapidamente com a violência.

Guterres, que já está a lidar com as batatas quentes no Mali, em Conacri e no Burkina Faso, veio agora exigir que os militares guineenses respeitem integralmente as instituições democráticas do país e a sua Constituição.

Também a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) já veio a pública, através de um comunicado, condenar este golpe militar, responsabilizando os militares golpistas pela segurança dos líderes políticos eleitos democraticamente, nomeando especificamente o Presidente Embaló e os membros da sua equipa.

Membros do Governo libertados

Entretanto, a Lusa noticiou já que militares entraram cerca das 17:20 no palácio governamental guineense, em Bissau, e ordenaram a saída dos governantes que estavam no edifício, atacado esta terça-feira numa tentativa de golpe de Estado, mas o paradeiro do chefe de Governo é desconhecido.

Segundo fonte governamental, "cerca das 17:20 (menos uma que em Luanda), os militares chegaram ao Palácio do Governo e disseram aos membros do Governo para saírem" e o local ficou apenas com militares, acrescentou a mesma fonte, indicando desconhecer o paradeiro do primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam.

Quando começou o ataque, no decurso do Conselho de Ministros de hoje, alguns membros do Governo conseguiram fugir por um muro de vedação nas traseiras do palácio e confirmaram à usa que estão em segurança.

Mais um golpe na África Ocidental

Este é o 4º golpe (ainda está por esclarecer a sua natureza) na África Ocidental em cerca de um ano, depois do Mali, Guiné-Conacri e Burkina Faso, havendo ainda a situação dramáica no Sudão a reforçar a ideia de que o continente está a reviver um período infeliz da sua história, trazendo à memória a segunda metade, e, especialmente, o último quarto, do século XX, onde os golpes e as intentonas se seguiam umas às outras,

História

A Guiné-Bissau é um pequeno Estado lusófono na costa da África Ocidental, com perto de 2 milhões de habitantes, divididos pelo território continental e o arquipélago dos Bijagós. A sua população incorpora 32 etnias, sendo os balantas e os fulas as mais volumosas, com territórios bem definidos e marcas culturais bem vincadas, apenas diluídas nas últimas décadas devido à islamização de algumas delas.

Entre algumas destas etnias há rivalidades ancestrais que periodicamente assomam à superfície deste mosaico étnico-linguístico-cultural e que, como já sucedeu nas últimas décadas marcadas por golpes e intentonas, se agigantam nos quartéis, gerando forte tensão e mesmo conflitos armados, nomeadamente envolvendo os balantas, conhecidos no país pela sua vocação guerreira e temerária.

Recorde-se que este é um dos países mais instáveis política e militarmente no continente africano, tendo, desde 1973, ano da sua independência unilateral, vivenciado uma dezena de golpes, com a morte inicial de Amílcar Cabral, o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ainda envolta em mistério, o primeiro episódio sangrento de muito.

Com a guerra de 1998/99, terminou o regime ditatorial do Presidente Nino Vieira, que viria a ser morto em 2009, depois de ter regressado ao país, em 2005, para se candidatar à Presidência, tendo ganho o pleito eleitoral folgadamente.

Pelo meio foram mortos vários Chefes Militares, desde logo o histórico Ansumane Mané, líder do golpe de 1998, que deu início ao conflito que só terminou um ano depois, morto a tiro em 2000, ou Tagme Na Waie, em 2009, ou antes Veríssimo Correia Seabra, em 2004, depois de ter afastado à força o Presidente Kumba Yalá, em 2003.