Devido à gravidade da situação, potenciada pela luta contra a Covid-19, aos permanentes confrontos entre militares e as guerrilhas que actuam na região, especialmente no Kivu Norte, onde ocorreu esta nova infecção, a OMS enviou de imediato uma equipa de resposta rápida para o terreno de forma a tentar estancar a progressão da doença.

Para já, segundo o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, foram controladas pelos menos 70 pessoas que estiveram em contacto com a falecida, num trabalho seriamente afectado pelos conflitos armados que persistem na região, especialmente gerados pelas guerrilhas com origem nos vizinhos Ruanda e Uganda.

A mulher que morreu no início deste mês próximo da cidade de Butembo, era casada com um dos sobreviventes da anterior epidemia de Ébola na região, que durou entre 2018 e finais de 2020, tendo feito quase 2.300 mortos, sendo a segunda mais grave de sempre, não existindo, para já, certezas sobre uma eventual causa e efeito dessa condição.

Aparentemente, este poderá ser caso único, visto que alguns estudos apontam para a possibilidade de o vírus se manter activo no sémen dos homens por longos períodos após estes terem recuperado da infecção, que, normalmente, tem uma letalidade superior a 60%.

No entanto, o receio de um novo surto epidémico, que seria o 12º no país, onde em 1976 ocorreu a primeira epidemia a partir da transmissão do vírus de animais selvagens para a comunidade humana, na província congolesa do Equador, mantém-se porque esta mulher teve, antes de morrer, contactos com dezenas de pessoas, mesmo depois do surgimento dos primeiros sintomas.

Face à possibilidade de esta vítima ter adoecido e morrido vítima de um contágio a partir do seu marido, e para afastar a possibilidade de se tratar de um novo foco, está a ser feito um teste laboratorial de sequenciação genética pelo Laboratório Nacional de Investigação Biomédica da RDC para verificar se se trata do mesmo vírus responsável pela últimas epidemia, considerada extinta em Julho/Agosto de 2020.

Até hoje, a epidemia de Ébola mais letal ocorreu entre 2013 e 2014, na África Ocidental, onde morreram mais de 11 mil pessoas, especialmente na Serra Leoa, Libéria e Conacry.