A Expectativa gostava de se aperaltar pois deste modo era mais convincente. Pelo menos no início, quando os expectantes ainda não a conheciam. Ela tinha uma amiga, crítica, mas descontraída, a dona Esperança. Era uma eterna optimista. Mesmo diante de promessas incumpridas por parte da sua amiga Expectativa, ela comumente dizia que qualquer dia a promessa iria ser cumprida. E que resultado seria melhor que a encomenda. O em breve poderia significar talvez na próxima geração mas a Esperança não "desesperançava". Tal como diz o ditado...era a última a morrer.

A Expectativa era confiante e fazia promessas mirabolantes, garantindo que "desta vez tudo vai dar certo" ou que "a conclusão desta obra está assegurada". Todavia era frequente gorar a sua própria expectativa, frustrando todos ao seu redor incluindo a sua amiga Esperança. Apesar dos percalços, derrapagens ou outros motivos menos claros, as duas eram inseparáveis. A Esperança acreditava na Expectativa como quem sabe que depois do dia vem a noite.

Com o passar dos anos a dona Esperança começou a perceber que a senhora Expectativa era mesmo incumpridora e que eram raríssimos os casos onde a expectativa não saísse gorada. Ao longo do tempo, os pobres mortais esperançosos começaram a perceber a ilusão de confiar na Expectativa.

Num país onde a Expectativa é eternamente adiada, a Esperança é a única empreiteira que nunca falha-mesmo que nunca entregue nada. E ficamos agora a saber que a expectativa é que a segunda circular de Luanda venha a estar pronta em Junho e que os dados definitivos do Censo de 2024 serão apenas apresentados em Dezembro. É mesmo expectável?